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Muqui realiza em fevereiro seu 72º Encontro Nacional de Folias de Reis

Mais antigo do país, evento este ano inaugura a Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC) no interior do ES

Vitor Nogueira

Em sua 72ª edição, o Encontro Nacional de Folias de Reis de Muqui, considerado o mais antigo do país, retoma versão presencial no dia quatro de fevereiro, no Sítio Histórico da cidade, o maior do Espírito Santo.

A programação conta com 40 grupos, 38 deles de diversas partes do Espírito Santo, além de um do Rio de Janeiro e um de Minas Gerais. Com suas cores, músicas e brincadeiras, novamente irão transformar a pequena cidade do sul do Estado na capital das Folias de Reis, numa grande celebração de alegria e fé.

O evento deste ano ocorre com apoio da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), a Lei estadual nº 11.246/2021, sendo o primeiro a acontecer por acontecer por meio da LICC em uma cidade fora da região metropolitana.

“Excepcionalmente esse ano optamos por privilegiar grupos do Espírito Santo, exatamente por conta da LICC. Estamos inaugurando uma lei de incentivo no interior do nosso Estado, que é um estado pequeno, com poucas oportunidades”, explica a folclorista Joelma Consuelo, coordenadora-geral do 72º Encontro. “A pandemia foi um período muito difícil para a cultura em geral, mais ainda para a cultura popular, por carecer de mais políticas públicas, oportunidades e cuidados. As perdas foram muitas. Todos os grupos estão nesse momento se recuperando das perdas que sofreram, de integrantes, familiares … Então decidimos por priorizar os grupos capixabas”, complementa.

Este ano, o encontro também retoma a pesquisa in loco, um trabalho de visita, apoio e mesmo resgate de grupos tradicionais. “A pesquisa é fundamental. A cultura popular é pouco bibliográfica, conta muito mais com a oralidade”, pondera Joelma.

Vitor Nogueira

Todo o trabalho de pesquisa, de contratação dos grupos e de promoção do encontro dos mestres, avalia a folclorista, colabora muito com a preservação da tradição. “Não só pela oferta, que é como a gente chama o cachê pago aos grupos, mas pela oportunidade que eles têm de se de encontrar, contar suas histórias. Ontem mesmo me ligou um mestre de Muniz Freire, dizendo que quer participar do próximo encontro”.

A reunião de mestres inclusive é um dos tópicos da programação. “Essa troca é muito importante e acontece o dia todo no evento, mas há um momento em que só eles falam, contando suas dificuldades, suas facilidades, como cada um deu um jeito para resolver uma questão e assim ajudando outros grupos …”, descreve. Feito com a presença de alguns pesquisadores e gestores, o encontro de mestres facilita também a identificação de demandas que o poder público pode ajudar a encaminhar e solucionar.

Regionalidades

Joelma conta que a tradição da Folia de Reis passa por visitar as casas, onde os brincantes rememoram a viagem dos Reis Magos para conhecer o menino Jesus que acabara de nascer e depois contar a novidade para as pessoas. “Nesse mundo contemporâneo é muito difícil abrir sua casa para receber grupos de pessoas estranhas, à noite, o que fica mais difícil ainda num período pós-pandêmico”, observa. Mas a tradição, incrivelmente, se mantém viva, principalmente nas zonas rurais e periferias urbanas, onde o senso de comunidade se mantém mais preservado, com os moradores se conhecendo mutuamente com mais facilidade que nas áreas centrais das cidades, principalmente nas médias e grandes.

As variações regionais, no Espírito Santo, podem ser observadas entre grupos do norte, da região serrana e do sul, onde as Folias de Reis são mais numerosas. Joelma explica que no sul a influência portuguesa é maior, então tem doze foliões representando os apóstolos e tem os palhaços, representando o soldado de Herodes e os três reis magos são representados em uma bandeira que participa do cortejo. Na região serrana a influência é mais italiana, os grupos têm um coral, não têm o palhaço e os três reis são representados como personagens de teatro, pessoas que interpretam os magos. Já no norte, a marca é dos Reis de Bois, com o vaqueiro e vários bichos. Como há uma influência negra forte, há mais cores e muitos animais, revelando a convivência próxima das comunidades negras com muitos animais de criação e selvagens.

“Em comum está a devoção aos três reis, que anunciam o nascimento de Jesus. A folia é aberta todos os anos no dia 24 de dezembro à meia-noite e vai até o dia seis de janeiro, podendo algumas se estender até o dia 20, dia de São Sebastião”. No 72º Encontro, todas as Folias participantes estão ativas e fizeram o ciclo natalino de 2022.

Vitor Nogueira

Programação

72* Encontro Nacional de Folias de Reis De Muqui

8h00 – Chegada dos grupos de Folias de Reis, momento livre;

9h00 – Abertura oficial do 72* Encontro Nacional de Folias de Reis;

11h00 – Almoço festivo dos grupos de Folias de Reis;

12h30 – Reunião dos Mestres e atividades livres com foliões e palhaços;

13h30 – Cortejo dos grupos de Folias de Reis pelo eixo principal do Sítio Histórico de Muqui;

15h00 – Benção das Folias na Matriz São João Batista;

16h30 – As casas do sítio histórico recebem os grupos de Folias de Reis;

18h30 – Encerramento do 72* Encontro Nacional de Folias de Reis;

20h00 – Show com o grupo Moxuara no Jardim Público Municipal


Mais informações

@foliadereismuqui

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