Passados exatos dois meses dos atentados cometidos por um adolescente de 16 anos em Aracruz, no norte do Estado, o Fórum Antifascista queixa-se do fato de que o governador Renato Casagrande (PSB) ainda não recebeu o grupo, apesar de terem reivindicado a reunião com o gestor. As demais reivindicações feitas, e explicitadas em uma nota divulgada quando o crime completou um mês, também não avançaram.
“A gente aposta na importância de o governador se localizar no campo democrático para fazer enfrentamento ao extremismo de direita”, diz a integrante do Fórum, Ana Paula Rocha, que denuncia, ainda, a falta de punição ao pai do adolescente, embora ele tenha “treinado e recrutado o jovem para fazer aquele crime”. Ana Paula também aponta a necessidade de investigação de ligação com grupos neonazistas.
Para a integrante do Fórum, a investigação deve ser no sentido de “desbolsonarização” do Estado e faz críticas à política de segurança pública do governo Casagrande, “que se diz democrático”, mas “criminaliza e marginaliza a periferia”. Ana Paula também questiona a permanência do coronel Alexandre Ramalho à frente da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), pois, conforme afirma, “diante de um crime de extremistas de direita a gente não vê ele falar grosso”.
Além da investigação e do diálogo com Renato Casagrande, o Fórum,
em nota publicada em dezembro, reivindicou participação da sociedade civil na sala de situação e assistência imediata às vidas em risco da comunidade escolar. Também em dezembro, professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, um dos cenários do atentado, se pronunciaram por meio de uma carta aberta à gestão de Renato Casagrande e à população capixaba.
No documento, afirmaram que é preciso providenciar uma equipe de apoio para o ano letivo de 2023, que inclua trabalhadores para as vagas em aberto na secretaria, diretor adjunto, aumento da equipe de professores, coordenadores e pedagogos, além de equipe de atendimento social e psicológico que atenda às demandas dos profissionais.
Outra reivindicação foi o apoio financeiro para as vítimas e famílias atingidas, garantindo o custeio de remédios, equipamentos, cuidadores e psicólogos, além de “indenização e aposentadoria dignas para os diretamente atingidos em exercício de sua função”. De acordo com Ana Paula, as reivindicações não avançaram, havendo “desumanidade com as vítimas e familiares, falta de suporte, busca pela normalidade e por apagar o crime”.
O crime
Os ataques foram executados primeiramente contra a EEEFM Primo Bitti, em Coqueiral de Aracruz. Após arrombar o cadeado, o adolescente invadiu a escola e acessou a sala dos professores e depois outras salas. Em seguida, foi para outro colégio do bairro, o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), onde efetuou mais disparos, deixando outras vítimas. Três professoras e uma estudante morreram.