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Tradicional Festa de Yemanjá de Camburi chega à sua 40ª edição

Festa idealizada por Mãe Néia tem celebração, apresentações culturais, entrega dos balaios e comidas de santo

Anualmente, todo dia 2 de fevereiro, centenas de pessoas comparecem à praia de Camburi, em Vitória, para as homenagens a Iemanjá. A tradição teve início em 1983, chegando, portanto, a sua 40ª edição este ano, com cada vez mais força e adesão. A programação será no píer de Iemanjá, onde será celebrada “a sabedoria e a harmonia das águas salgadas”. No local haverá também apresentações culturais, entrega dos balaios e distribuição de comidas de santo. 

Maresia

Mãe Néia, a precursora da festa no píer, comemora os 40 anos do evento. “Só tenho gratidão por Deus ter me dado força para isso. É uma trajetória de carinho, de amor, de agradecimento a Deus, às divindades e a todos que estão perto de mim”, diz. Às 15h começa a celebração no píer. Junto às atividades da casa de mãe Néia, a Associação Desportiva e Cultural de Capoeira Barravento homenageará a orixá com roda de capoeira, maculelê, samba e puxada de rede. O ponto alto da celebração é o recolhimento das oferendas pelos sacerdotes consagrados da casa de mãe Néia e a entrega dos balaios às águas. A sacerdotisa reforça o apelo de que as oferendas dos fiéis não contenham materiais como vidros, plásticos ou metais, “apenas presentes que se integrem e nutram a vida nas águas”.

Elaine Dal Gobbo

“Este é o motivo de toda a festa, a integração em harmonia com as forças naturais desse planeta por meios das graças oferecidas, das bênçãos recebidas, da celebração de um ano que se passou com saúde, paz, felicidade e prosperidade, alimentadas pela força e pela fé que nos movem a cada dia”, diz. Para fechar o festejo, os sacerdotes fazem a partilha das comidas de Iemanjá com os presentes.

Mãe Néia veio de Santos, em São Paulo, no ano de 1982, adotando o Espírito Santo como sua terra. Aqui ela se tornou uma das referências no combate à intolerância religiosa e na defesa dos direitos humanos. Filha de Iemanjá com Ogum e Obaluaê, Mãe Néia foi quem deu início ao tradicional festejo à rainha do mar todo dia 2 de fevereiro, na praia de Camburi, quando o píer em homenagem a orixá ainda nem existia.

Elaine Dal Gobbo

“Fiz a primeira entrega de balaio em 1983. Peguei minha cestinha, fiz oferenda para minha mãe, começou a aparecer um monte de curiosos. Veio até polícia pensando que alguém estava morrendo afogado. Acabou que eles ficaram ali comigo”, conta. Com a inauguração do píer, em 1988, ela passou a fazer o festejo ali, mas em 1999, a mãe de santo, junto com a Federação Afrobrasileira do Espírito Santo, presidida na época por Nilton Dário, mobilizou as religiões de matriz africana para que também fizessem na praia, o que acontece até hoje. “Normalmente se fazia no ano novo, aí misturava religião com outras coisas, com bebida. Me sinto feliz, pois fiz um trabalho e tive resposta. Digo de cabeça erguida: eu fui corajosa. É uma vitória”, comemora.

Novidades
Essa comemoração ao longo da praia, inclusive, ganha novidades em sua programação este ano. Além das inúmeras Casas de religiões de matriz africana que ficam na extensão da areia, haverá, durante todo o dia 2 de fevereiro barraquinhas com venda de comidas típicas, artesanato, além da ofertas das oficinas de samba de caboclo e atabaque. Essas atividades estão sendo realizadas pela Prefeitura Municipal de Vitória (PMV), Casa Santa Rita de Cássia dos Impossíveis e os perfis Umbanda Capixaba e Umbanda no Espírito Santo, no Instagram. A ideia, segundo o zelador de Umbanda Marcelo Ferreira Silva, do Umbanda no Espírito Santo, é que as festividades em Camburi passem a fazer parte dos calendários de eventos municipal e estadual, inclusive, ampliando a programação com carreata e procissão de terreiros.
Serra
Na Praça Encontro das Águas, em Jacaraípe, na Serra, os festejos em homenagem a Iemanjá serão mais extensos do que o habitual, como resposta aos atos de vandalismo ocorrido em setembro de 2021 no monumento em homenagem à orixá. Desde então, as casas de religiões de matriz africana do município têm discutido a necessidade de ocupação do espaço com diversas atividades e com o apoio do poder público.
Elaine Dal Gobbo

A festa do dia 2 de fevereiro é organizada pela União Espírito Capixaba (Unescap) e pela Comissão de Povos Tradicionais de Matriz Africana, com apoio do Conselho Municipal do Negro da Serra (Conegro) e da Prefeitura Municipal da Serra (PMS). A concentração começa às 16h. Trinta minutos depois terá início o cortejo até o monumento. Às 17h haverá a entrega dos balaios. Às 18h, o Xirê dos Orixás, seguido do toque de Umbanda e de apresentações culturais.

O monumento depredado é uma casa que em seu interior tem a imagem de Iemanjá, que foi arrombada. A cabeça da orixá foi tirada, urinaram no local e foram feitos outros estragos. O crime, registrado por meio de Boletim da Ocorrência (BO), motivou uma manifestação no local.


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https://www.seculodiario.com.br/direitos/vamos-bater-na-porta-do-poder-publico-e-cobrar

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