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​Projeto Subúrbio é novamente alvo das forças de segurança

Romu revistou todas as pessoas presentes no local, no Centro de Vitória, e a PM tentou apreender o som

O Projeto Subúrbio, no Centro de Vitória, mais uma vez foi alvo das forças de segurança. Nesse domingo (5), viaturas da Ronda Ostensiva Municipal (Romu), que faz parte da Guarda Municipal, compareceram ao local e revistaram todas as pessoas presentes. A Polícia Militar (PM) também esteve no projeto e tentou apreender o equipamento de som, mas foi impedida pelos proprietários e frequentadores.

Um dos proprietários, Brendo dos Santos Soares, relata que a Romu parou uma viatura nas duas entradas do Projeto Subúrbio, uma na Avenida Beira Mar e outra na rua Governador Bley. Os guardas formaram duas filas para revistar as pessoas que estavam na calçada. Com a chegada das viaturas, as que estavam dentro do imóvel desceram para ver o que estava acontecendo, sendo também revistadas. De acordo com Brendo, cerca de 70 pessoas passaram pelo processo de revista.

As filas foram organizadas de acordo com o gênero, sendo que as travestis foram colocadas na fila dos homens, o que, conforme aponta Brendo, também é uma violência.

Ele relata que, quando questionados sobre o motivo da ação, os guardas disseram que era porque “aquilo estava virando um Mandela”, referindo-se aos bailes funk realizados nas periferias. As pessoas começaram a filmar a ação e ouviram ainda que “era para evitar que acontecesse o mesmo do Sambão do Povo”, em referência ao assassinato do jovem Pedro Henrique Crizanto, com um tiro na cabeça durante os ensaios técnicos das escolas de samba, na última quarta-feira (1º).

A PM, por sua vez, falou que havia denúncias no Disque Silêncio, mas Brendo afirma que o serviço não apareceu e foi solicitada a medição dos decibéis, mas os policiais se recusaram a fazer isso. De acordo com o proprietário do Projeto Subúrbio, as caixas de som não foram apreendidas porque foi questionada a falta de mandado para isso, e quando ele começou a filmar, um policial tentou tomar o celular de sua mão.
“Quando dissemos que estavam sendo racistas, disseram que não queriam que houvesse tiro, como aconteceu no Sambão do Povo, e que estávamos nos fazendo de vítima”, reforça Brendo. Ele aponta que a revista não encontrou nada de desabafa: “isso não aconteceria em Jardim da Penha e na Praia do Canto”.

Ele afirma que as perseguições ao local haviam parada desde agosto do ano passado, quando houve manifestações de apoio ao Projeto Subúrbio. Na ocasião, foi realizado um ato contra os ataques do então vereador de Vitória e hoje deputado federal, Gilvan da Federal (PL), que em comitiva com forças de segurança, foi até o Centro “em busca de baderneiros”, dizendo que “parecia que estava entrando no inferno”.

Os ataques também atingiram o Bar da Zilda, tradicional no Centro. Com direito à transmissão ao vivo nas redes sociais, o vereador foi acompanhado da PM e da Guarda Municipal, informando que também tinha apoio da Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec).

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