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Produtora sociocultural denuncia racismo em camarote do Sambão do Povo

Winy Fabiano se retirou do Sambão após ouvir de uma mulher que não deveria estar ali e não ter apoio dos seguranças

A madrugada do último sábado (11) deveria ser de festividade para a produtora sociocultural Winy Fabiano, por mais uma vez poder ver a escola de samba do coração, a Novo Império, entrar na avenida. Acabou, porém, muito diferente, diante de um acontecimento que, assim como sua atuação no mundo do samba, é algo presente em sua vida, mas não deveria: o racismo. Ela denunciou ter sido discriminada no Camarote Vix, no Sambão do Povo, e, nessa segunda-feira (13), registrou Boletim de Ocorrência (BO). O fato também foi relatado em suas redes sociais.

Arquivo Pessoal

Segundo Winy, já no camarote, uma senhora disse que ela não poderia estar naquele espaço, obtendo como resposta que podia, pois “estava pagando igual a ela”. A mulher também ouviu da vítima que estava sendo racista, mas rebateu. “Ela disse que o mal de vocês [pessoas negras] é que hoje tudo é racismo, a gente não pode falar nada. Mas conheço, sei bem o que é racismo estrutural, sei quais são as caras, as bocas e deboches. A gente passa por isso todo dia e dessa vez não vou me calar”, diz.

Ela recorda que diante das falas da mulher, se alterou um pouco. Isso foi suficiente para a pessoa que a agrediu chamasse os seguranças, que ao ouvirem os relatos das duas, se posicionaram do lado da agressora. O BO registrado foi contra a chefia dos seguranças e os organizadores do camarote.

“Como produtora sociocultural, sei da responsabilidade que se tem na hora de contratar uma equipe, que deve ser preparada. Saí de um espaço que paguei, me colocaram como errada, como se estivesse mentindo”, afirma, destacando que ainda busca a identidade da agressora para denunciá-la também.

Em desabafo nas redes sociais, Winy questionou onde estão os “corpos pretos” no Carnaval, “que é cultura brasileira, tem magnitude gigante, fala de alegria, que veio de dentro das favelas, dos quilombos, criado pelo povo preto?”. Ela destaca que esses corpos estão trabalhando ou se divertindo, mas quando “não estão na posição de mão de obra, de servir”, muitas pessoas os veem com incômodo. A produtora sociocultural prossegue dizendo que o carnaval é “um espaço que veio dos nossos ancestrais e que por direito também é nosso”.
O Coletivo Mulheres Unidas do Caratoira (Muca), o qual Winy preside, divulgou nota de repúdio sobre o ocorrido, demonstrou solidariedade e reafirmou o “compromisso diário de pela educação popular e de base continuar lutando por uma sociedade livre de machismos, racismo, LGBTFobia e todas as formas de opressão”.

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