Em ato realizado nesta sexta-feira, no Centro de Vitória, foi exaltada a urgência de protestar contra a decisão da gestão de Pazolini
Apesar da gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) ter suspendido a licença dos blocos Esquerda Festiva e Prakabá, marcados para este final de semana, eles irão às ruas, sim, conforme externado durante ato realizado na manhã desta sexta-feira (24), na rua Sete de Setembro, contra a decisão da Prefeitura de Vitória. Além de ser um momento de festa, lazer e encerramento do Carnaval 2023, os blocos ganharão um caráter de manifestação popular “Fora, Pazolini!”, grito já ecoado ao longo da semana nas ruas, mas que, pela indignação dos foliões, deve ganhar ainda mais força neste sábado e domingo (25 e 26).
A prefeitura suspendeu as licenças do Esquerda Festiva, que sairia neste sábado, e do Prakabá, no domingo (26). As manifestações, segundo a Liga dos Blocos do Centro (Blocão), serão Pró-Carnaval e realizadas nas imediações da Rua Sete de Setembro, com concentração sempre às 14h. “Esses dois atos político-culturais de caráter lúdico e pacífico visam convocar foliões, moradores e integrantes dos blocos para estarem nas ruas como uma crítica à decisão adotada pela Prefeitura Municipal de Vitória em resposta ao posicionamento proibicionista do Ministério Público do Espírito Santo, que incorre na criminalização da cultura popular do Carnaval de Rua do Centro de Vitória”, aponta.
Tradicionalmente, o Prakabá é o bloco que encerra o carnaval no Centro de Vitória, levando à frente os estandartes dos demais. “O carnaval do Centro não acaba com decreto da prefeitura, acaba quando o Prakabá, do Vaguinho, diz para acabar”, disse o mestre da bateria do Esquerda Festiva, Julio Santos Ramos, referindo-se ao criador do último bloco a ir para as ruas no Carnaval do Centro de Vitória. Vaguinho, visivelmente emocionado, classificou a proibição como uma “arbitrariedade”. “Isso que está ocorrendo é surreal. Carnaval é do povo, pertence ao povo, é oriundo do povo, e vem uma pessoa dizer que não pode? Não faz sentido!”, desabafou.
Representantes de outros blocos prestaram solidariedade ao Esquerda Festiva e ao Prakabá. Stael Magesck, do PelaDonas do Centro, afirmou que a prefeitura quer proibir o Carnaval “por falta de competência para fazer”. Sandra Oliveira, do Afro Kizomba, recorda que o Blocão, liga dos blocos de Carnaval do Centro de Vitória, solicitou palco em espaços como a Praça Costa Pereira e a Praça Oito após o desfile dos blocos, mas o pedido não foi acatado. Também lamentou a falta de opção para crianças e idosos, e convocou os foliões para comparecer ao Esquerda Festiva e ao Prakabá. “Não existe ódio que pare com tanta alegria, e a gente vai tomar as ruas, vai sim contra essa gestão”, convocou.
Alguns parlamentares também marcaram presença no ato. A vereadora Karla Coser (PT) afirmou que “Pazolini detesta o Carnaval popular de Vitória” e, apesar de destacar a importância do Ministério Público enquanto instituição, defendeu que a notificação deveria ser no sentido de garantir a viabilidade do Carnaval. Como não foi assim, para Karla, o correto a ser feito pela PMV era responder à notificação dizendo que iria garantir, por exemplo, banheiros químicos e segurança.
O vereador André Moreira (Psol) sugeriu iniciar na Câmara uma discussão sobre um projeto de lei (PL) que garanta o direito ao Carnaval, para que não haja mais dependência de decreto municipal para sua realização.
As deputadas estaduais Iriny Lopes (PT) e Camila Valadão (Psol) também participaram. Camila classificou a proibição como “tacanha, autoritária, retrógrada e conservadora”. Criticou o fato de o carnaval ter sido realizado sem um programa operacional que contemple iluminação e discussão ambiental e destacou que “o Carnaval saiu apesar de Pazolini” e a produção de lixo durante a festividade é inevitável, mas que era preciso uma ação preventiva e gestão correta dos resíduos. Um dos caminhos apontados por ela é a parceria com associações de catadores do município.
Iriny afirmou que “poderíamos fazer um carnaval maravilhoso se ele fosse planejado para ser maravilhoso” e que à prefeitura “cabe cuidar da questão dos resíduos, garantir segurança, mas não a segurança que persegue, a segurança que assegura”.