Na CulturArte: blocos do Centro de Vitória; Babado Bar e as paneleiras de Goiabeiras; espetáculo ‘Corpo agora: permita-se!’
O tradicional ditado popular “o feitiço virou contra o feiticeiro” pode se tornar realidade neste final de semana no Centro de Vitória. Com a recomendação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) de não permitir que os blocos deste sábado (25) e domingo (26) saiam às ruas e a decisão imediata da gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos), que, como visível, não afeita à realização da festa popular na região, deu ainda mais combustível para a realização dos blocos, que acabaram virando manifestações pró-carnaval no bairro.
Basta ver o tom de indignação dos foliões e organizadores dos blocos, bem como a intensa mobilização nas redes para que as pessoas compareçam ao Centro neste final de semana. Uma mobilização, que sem a proibição, possivelmente não seria tão intensa. A verdade é que até quem não iria agora vai, por achar a atitude da prefeitura arbitrária e por uma questão de defesa do Carnaval do Centro tradicional na Capital.
Na última coluna foi colocada a preocupação com a violência por parte das forças de segurança após às 18h, quando não haveria mais blocos e nenhuma outra atividade cultural, o que aconteceu nessa terça-feira (21), último dia de Carnaval. Com a proibição, será que a prefeitura vai se sentir mais legitimada para agir de maneira repressiva?
É preciso se organizar desde já para que o Carnaval 2024 seja de fato uma festa popular e democrática, feita pelo povo com a participação da gestão pública naquilo que compete a ela, como garantia de segurança, infraestrutura e opções de atrações culturais para diversos tipos de público, ou seja, tudo que não foi feito pela atual administração municipal.
Boletim de Ocorrência
André Sopon Pereira e Lucas Martins da Silva, proprietários do Babado Bar, em Goiabeiras, Vitória, registraram Boletim de Ocorrência (BO) para denunciar que funcionários da Prefeitura de Vitória cortaram mais de 20 árvores nativas, da Mata Atlântica, no terreno do estabelecimento. Os denunciantes relatam no BO que não foram avisados da ação, portanto, não consentiram, e solicitaram que a delegacia providencie imagens de videomonitoramento.
Coincidência?
O Grito da Cultura já havia se pronunciado sobre o assunto, destacando que o ocorrido trata-se de crime ambiental e invasão à propriedade particular. Recordou também que isso aconteceu em um contexto no qual o Babado Bar denunciava a falta de respeito da Prefeitura de Vitória, que disponibilizou ônibus bate-volta para as paneleiras desfilarem no Carnaval do Rio de Janeiro, mas não hospedagem nem alimentação, e da Inocentes de Belford Roxo, escola de samba que homenageou as trabalhadoras, mas não se preocupou em garantir a presença delas no desfile.
Que babado!
Embora tenha saído em diversos jornais que as paneleiras foram homenageadas no carnaval do Rio de Janeiro, o que foi comemorado pelos capixabas, Lucas, do Babado Bar, garante que apenas quatro delas foram de fato ao desfile. A baixa participação, afirma, foi por não concordarem com as condições garantidas pela Prefeitura de Vitória para a viagem. Estão certas!
Temporariamente suspenso
Aliás, essa história toda rendeu muitas polêmicas. A Inocentes de Belford Roxo chegou a divulgar em suas redes sociais nota assinada pela Associação das Paneleiras de Goiabeiras, dizendo que aceitou as condições de transporte, hospedagem e alimentação, e que não autorizou “terceiros a divulgar notas de repúdio contra quem quer que seja”, em clara referência à nota divulgada pelo Babado Bar sobre a atitude da PMV em relação às paneleiras.
Diante dessa iniciativa, que os proprietários do estabelecimento acreditam não ser consenso entre as trabalhadoras, e da retirada das árvores, eles optaram por suspender temporariamente todas as atividades do Babado Bar, tanto as do bar e do museu quanto as de cunho social, como o reforço escolar, que acontecia debaixo das árvores cortadas.
Permita-se!
O Dia Internacional da Mulher está chegando e eventos alusivos à data começam a ser divulgados. O espetáculo Corpo agora: permita-se!, da companhia de dança Projeto EluzArtes, de Vitória, com a associação francesa Femmes en Scène, terá apresentação única, com entrada franca, nesta quinta-feira (2), às 19h, no Teatro Campaneli, na Enseada do Suá. É preciso garantir ingressos neste link.
“Corpo agora: permita-se! é um manifesto-dança contra o preconceito de idade e de imagem, trazendo provocações sobre se nos permitimos ser e estar no mundo com o nosso corpo de agora ou estamos em busca de um corpo considerado ideal, desejando ser como outros corpos e escondendo-se atrás de camadas físicas, culturais e sociais.