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Vítimas de atentado em Aracruz são homenageadas em marcha no Centro

Ato do 8 de março reuniu movimentos do campo e da cidade e rememorou as inúmeras mulheres vítimas de feminicídio no Estado

Leonardo Sá

“Normalidade, as mãos pequenas cruzadas
adornadas de flores e pálidas
dizer adeus, companheira aguerrida
e revê-la
revê-la
revê-la
nos vultos que passam”

O trecho do poema de Sâmela Priscila, professora da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, em Aracruz, norte do Estado, fala do que é tratado com normalidade mesmo não sendo, e do remendo e da pintura na parede como forma de um disfarce que não disfarça, pois o buraco da bala ainda é visível. No primeiro Dia Internacional da Mulher após os atentados ocorridos em duas escolas, em novembro último, foram rememoradas as professoras Maria da Penha Banhos, Cybelle Bezerra e Flavia Amoss; e a estudante Selena Sagrillo; vítimas fatais do crime, todas mulheres, cometido por um adolescente de 16 anos.
Leonardo Sá

Também não foram esquecidas as outras três professoras e uma estudante que também foram baleadas, sobreviveram, mas ficaram com sequelas, nem as outras tantas e tantas mulheres que, no Espírito Santo, tiveram suas vidas ceifadas pelo patriarcado.

Militante do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Flavia, apesar de ter sido assassinada brutalmente, esteve presente por meio de suas colegas de militância, que pediram justiça não somente diante do crime que acometeu essas mulheres, mas também daquele que ocorreu em 5 de novembro de 2015, quando o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, matou 19 pessoas e deixou um lastro de destruição na bacia do Rio Doce, causando danos ambientais, econômicos e sociais no Estado.

Leonardo Sá

A tradicional marcha do Dia Internacional da Mulher saiu da praça Getúlio Vargas, no Centro de Vitória, em direção ao Palácio Anchieta, acompanhada da bateria Esquerda Beleza, que engloba ritmistas dos blocos carnavalescos Esquerda Festiva e Maluco Beleza, mostrando que não há censura ao Carnaval que apague a chama de seu engajamento político, proposta que não é restrita ao mês de fevereiro, podendo se fazer presente nas ruas da cidade o ano inteiro.

Além do MAB, muitos outros movimentos sociais, centrais e sindicatos se fizeram presentes, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários), Sindilimpe, Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes), Coletivo de Mulheres Zacimba Gaba, Associação de Mulheres da Serra (Amus) e Associação de Mulheres Unidas de Cariacica em Busca de Libertação (Amucabuli).

Leonardo Sá

Mandatos parlamentares alinhados à esquerda também comparecem. Marcaram presença os vereadores de Vitória André Moreira (Psol) e Karla Coser (PT) e os deputados estaduais João Coser (PT), Iriny Lopes (PT) e Camila Valadão (Psol).

A secretária estadual de Direitos Humanos, Nara Borgo, que durante a sua primeira gestão à frente da pasta foi à marcha somente uma vez, apesar de sua falta de popularidade junto aos movimentos sociais, esteve na concentração.

Leonardo Sá

Iriny destacou que o governo Lula (PT) anunciou, nesta quarta-feira, um pacote de ações com foco nas mulheres, contemplando áreas como mercado de trabalho, assistência social e ações para segurança de vítimas de violência.

A parlamentar recordou que quando foi ministra da Mulher no governo da então presidente Dilma Rousseff (PT), a pasta tinha um orçamento de R$ 14 milhões, mas a “criatura da goiabeira”, referindo-se a Damares Alves (Republicanos), que foi ministra no governo Bolsonaro (PL) e agora é senadora (DF), deixou com apenas R$ 27 mil. 

Leonardo Sá

A marcha é realizada anualmente, sempre no dia 8 de março, pelo Fórum de Mulheres do Espírito Santo (Fomes), que mobiliza mais de 40 entidades, entre elas, movimentos feminista e de mulheres, do campo e da cidade, sindicatos e partidos políticos de esquerda. Este ano o mote foi “Pela vida das mulheres: por direitos, derrotar os fascistas”, destacando as lutas por direitos como creche, saúde de qualidade, educação, alimentação e moradia.

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