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Trabalhadores e estudantes se unem para ‘resgate da democracia’ na Ufes

Movimento Ufes + retoma proposta de gestão participativa da reitora eleita e não nomeada Ethel Maciel, em oposição a Paulo Vargas

Reprodução

Trabalhadores e estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) lançaram, nesta terça-feira (25), o Movimento Ufes +, que pretende retomar o projeto de gestão universitária democrática e participativa encabeçado pela reitora eleita e não nomeada por Jair Bolsonaro (PL) Ethel Maciel, atual secretária nacional de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde.

Em vídeo publicado na conta do Movimento no Instagram, Ethel Maciel afirma a importância da iniciativa para a consolidação e ampliação da democracia, em todas as universidades federais, especialmente na Ufes, depois de um período de muitas dificuldades. “O movimento é composto por trabalhadores e trabalhadoras e estudantes que estiveram junto comigo durante esses longos anos de resistência pela democracia na nossa universidade”, ressalta, convidando a todos os interessados em ajudar a “repensar a nossa universidade e pensar o futuro”.

O pontapé inaugural se deu por meio de um evento híbrido, realizado no auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE) do campus de Goiabeiras. Outros semelhantes serão realizados nos demais dez centros da Ufes, em Vitória, São Mateus, no norte do Estado, e em Alegre, no sul. Em seguida, assembleias temáticas e setoriais também serão realizadas em diferentes pontos, aprofundando as sugestões levantadas na primeira rodada de encontros.

O objetivo é “resgatar o espírito participativo e democrático”, sintetiza a coordenadora do Movimento, professora Edinete Maria Rosa, atual diretora do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN). “A universidade, nos últimos anos, ficou muito afastada dos trabalhadores e estudantes. A comunidade sente falta. A proposta é aquecer de novo, resgatar essa participação, que é característica da universidade”.

O momento é mais que propício, avalia, considerando o término da fase mais aguda da pandemia de Covid-19 e o ano eleitoral, já que a previsão é de que Ufes realize eleições para o novo reitor ou reitora no segundo semestre, provavelmente em outubro. “Estamos chamando a comunidade para discutir seus problemas e buscar soluções”, pontua. Se o Movimento pode se tornar uma chapa concorrente à reitoria, a possibilidade é considerada. “Pode sim sair uma chapa desse movimento, vai depender de como a gente vai construí-lo”.

Mas mesmo que não se consolide como chapa, a mobilização pretende elaborar um documento com proposta de gestão participativa e democrática, para ser encampado por algum candidato. Candidato de oposição, claro. “Fazemos oposição ao modelo que está aqui hoje”, afirma, em relação à administração do reitor Paulo Vargas.

A articulação começou a se formar no final do ano passado, por ocasião do lançamento de dois livros que abordam o assunto. O primeiro, de autoria da própria Ethel Maciel, Mulher na Ciência – Lutar e Existir em tempos de pandemia, em que ela conta em primeira pessoa como foi lidar com essa violência política; e o outro, reunindo relatos de vários reitores de diversas universidades que sofreram a mesma violência político: Intervenções nas instituições federais de ensino.

“O retorno da Ethel no cenário político universitário iniciou o embrião do movimento. Ela seria a primeira mulher reitora da Ufes e com toda uma representatividade junto a diversos grupos de servidores, professores e estudantes, todos confiantes que ela faria uma gestão democrática de fato. Com a não nomeação dela, isso foi interrompido e agora estamos retomando. Mesmo ela não podendo participar diretamente, por estar em Brasília, ela apoia e incentiva que aconteça”.

Soluções

Entre as ações previstas para consolidar o Movimento como um “espaço de discussão e resolução de problemas”, estão: a criação de canais de comunicação com a comunidade; o estabelecimento do orçamento participativo da universidade; a adoção de medidas de acolhimento das diversidades e de inclusão social, com medidas que garantam a permanência dos alunos que necessitam de maior assistência estudantil e com ampliação do sistema de cotas na graduação e pós-graduação; implantação da gestão baseada em dados e evidências, com atualização do sistema de informação; o combate e a prevenção da violência contra a mulher, a população negra e a população LBGTQIA+; criação da Secretaria de Direitos Humanos (a exemplo da existente na USP); e de uma secretaria de projetos, que permita ampliar as parcerias com empresas e movimentos sociais para além de projetos individuais de alguns professores; a renovação do estatuto da Ufes.

“Queremos uma universidade moderna, de excelência, que desponte no cenário estadual e nacional. É a única universidade federal do Espírito Santo, ela pode muito mais, por isso o nome do movimento Ufes +: por mais diálogo, mais participação, mais gestão, mais protagonismo”, convoca a coordenadora.

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