Na polêmica do traje oficial, ponto levantado por Meneguelli e reiterado nesta terça, segue ignorado: farda e chapéu podem?
A obrigação do uso de terna e gravata na Assembleia Legislativa segue com registros de polêmica, diante da mobilização liderada pelo deputado Sergio Meneguelli (Republicanos). Conhecido por seus trajes despojados e confortáveis, ele reagiu indignado na sessão desta terça-feira (9) a uma chamada de atenção em plenário do presidente, Marcelo Santos (Podemos), citando Maneguelli e Alcântaro Filho (Republicano). O ex-prefeito de Colatina considerou a fala uma insinuação de que os dois estivessem “esculhambados, como se fossem mendigos”. Minutos antes, logo no início da sessão, Marcelo comunicou que seria feita uma reunião com o Colégio de Líderes, para garantia do acesso ao plenário com os trajes determinados, fazendo “valer a lei e a ordem”, assim como ocorre em outros poderes, citando o Tribunal de Justiça (TJES), Tribunal de Contas (TCE) e Ministério Público Estadual (MPES), e o Congresso Nacional. Informou que responderia, assim, a uma provocação feita pelo deputado Danilo Bahiense (PL) sobre a questão. Meneguelli sustenta, porém, que a obrigação não está prevista no Regimento Interno. “Não estou descumprindo a lei. Me apresente o artigo que obriga”, disparou, emendando: “Se fizer um projeto de lei obrigando a usar terno e gravata, eu vou cumprir. Mas se não, vão ter que me barrar em plenário”. Na mesma pegada, questionou: “Tem deputado que usa roupa de polícia, chapéu, e ninguém fala nada!”. Este ponto, de fato, Marcelo Santos não explicou até agora.
Então…
Capitão Assunção (PL) nunca usou outra roupa em plenário, a não ser sua farda de policial militar. Começou a legislatura passada assim e nunca mais parou, avançando para a atual com o mesmo uniforme. Já o chapéu foi instituído pelo recém-chegado, Pablo Muribeca (Patri), ex-vereador da Serra, que usa o acessório todos os dias.
Dupla
No caso de Meneguelli, ele tem no máximo colocado um casaco por cima da sua tradicional blusa de malha com referências a Colatina. O mesmo tipo de blusa é usado por Alcântaro, mas com um blazer por cima.
Marca registrada
No discurso desta terça, o ex-prefeito também disse que tudo bem quem gosta de se vestir tipo “almofadinha” e usar “Giorgio Armani e Hugo Boss”, mas ele é da “turma do All Star”. E reiterou: “é meu estilo, minha personalidade, a roupa não faz um político melhor, um parlamentar melhor, o que faz são as ações”.
Cabo de guerra
O que deixou Meneguelli irritado foi justamente Marcelo levar o tema para o plenário, “um assunto tão banal”, apontou, lembrando que protocolou um documento sobre o assunto e aguarda resposta. Ele também reuniu assinaturas de mais da metade do plenário para projeto que acaba, de vez, com a obrigação. Para andar, depende de Marcelo Santos, que, como já está claro, não admite qualquer alteração.
Dignidade?
O único deputado que apareceu para comentar o assunto foi Callegari (PL), em apoio a Marcelo Santos. Considerou a medida a “restauração da dignidade desta Casa”.
Tudo igual
A propósito, a sessão da Assembleia desta terça foi só para definir a Corregedoria-Geral. Terminou logo depois, por falta de quórum, sem durar nem uma hora. A eleição do colegiado veio com atraso, na esteira do caso envolvendo o bolsonarista Lucas Polese (PL). E adivinha? Chapa única!
Tudo igual II
O corregedor, já empossado, é Mazinho dos Anjos, governista, tendo como vice Vandinho Leite, ambos do PSDB. A Corregedoria, porém, é tradicionalmente corporativista. Casos absurdos não deram nada. E assim deverá permanecer, em mais uma legislatura.
“Não precisa o senhor ir para porta do Ministério da Justiça fazer vídeo de internet porque se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece o Capitão América? O Homem-Aranha?”. Flávio Dino, ministro da Justiça, em resposta ao senador do Estado, Marcos do Val (Podemos), durante audiência pública na comissão de Segurança Pública.
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