Secretário Léo Formigão garante entregar na próxima semana material aguardado há mais de um mês
A espera de mais de um mês pode estar próxima do fim. O secretário da Central de Serviços de Vitória, Leonardo Amorim, o Léo Formigão, renovou o compromisso feito com a Associação dos Recicladores do Espírito Santo (Reciclares) e garantiu entregar na próxima terça-feira (16) as 30 bags de material reciclável prometidas no início de abril.
A informação foi recebida com alívio pela Associação, que precisou tornar pública a demanda, por meio de um vídeo em suas redes sociais, em que relata o drama dos associados, que dependem do material para trabalhar e sustentar suas famílias com mais dignidade.
“Há mais de seis meses a Associação Reciclares aguarda que a Prefeitura de Vitória envie os resíduos recicláveis coletados, que vão contribuir com a renda de nove famílias. Os bags da associação inclusive foram entregues há cerca de um mês na central de Serviços, para serem retornados com o material reciclável, e não houve esse retorno. Os catadores que ficaram na esperança de obter uma fonte de renda trabalhando na triagem precisam de ajuda”, expõe a postagem, que marca o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) e o secretário Léo Formigão.
“Queremos saber o motivo para tanta demora que coloca as famílias em situação de vulnerabilidade econômica. Pedimos que compartilhem com seus contatos e marquem as diversas autoridades para pressionar pela solução do problema!”, prossegue.
No vídeo, a associada Ana Taís Pontes Silva reforça a espera de um mês e meio, desde que as grandes sacolas foram lavadas e entregues na Central de Serviços. Em entrevista a Século Diário nessa quinta-feira (11), ela descreveu os dias de angústia.
“A gente separou as nossas melhores bags, lavamos direitinho. Foi num sábado, quando eles prometeram que na terça-feira iriam entregar. Passou terça, quarta, uma semana, um mês e meio, e nada”, descreve. “A gente acreditou, falou com as pessoas aqui, que ficaram de prontidão para trabalhar. Mas como não vinha, elas foram fazendo outras coisas, bicos…é muito triste isso, um desrespeito com a gente. É uma situação desesperadora, mesmo”, desabafou.
A postagem também ressalta que “a destinação adequada dos resíduos sólidos, gerando renda para as famílias em vulnerabilidade social, está prevista pela Política Nacional de Resíduos Sólidos”. De fato, todos os municípios têm que cumprir a lei, mas o atraso é generalizado.
Ambientalista colaborador da Reciclares e membro da Rede Urbana Capixaba de Agroecologia (Ruca), o gestor ambiental Cléuser da Silva conta que ajudou a costurar uma parceria da associação com a Federação de Bodyboard, em que um ponto de coleta foi instalado na Praia dos Recifes, em Vila Velha, onde funciona uma escolinha do esporte. “Os alunos levam o material reciclável de suas casas e qualquer pessoa que saiba do ponto de coleta pode levar também. Nos dias da escolinha, eu pego esse material e levo para a associação”, conta.
O volume, no entanto, é muito pequeno. A Associação tem um galpão no bairro Universitário e tem capacidade para trabalhar com o material coletado pela prefeitura, o que é bom para o poder público, que precisa cumprir a lei. É o que argumenta também Ana Taís. “É uma realidade, a prefeitura precisa fazer esse trabalho com os resíduos sólidos. Tem associação que deve ter perdido o contrato e nem está recebendo o material. Então por que não manda para gente?”
O trabalho das associações como a Reciclares, explica, é receber o material bruto coletado pela prefeitura, e fazer a as triagens necessárias até poder vender para as respectivas indústrias de reciclagem. “Eles colocam o material dentro das bags e entregam pra gente. Depois a gente faz a triagem, separando o que é pet transparente, pet colorido, metal, papelão, latinha…”.
O sistema, importante frisar, evita que os trabalhadores precisem andar pelas ruas coletando o material e transportando em carroças, serviço que é muito penoso e tem sido alvo de leis e posturas preconceituosas por parte de legisladores e gestores, como ocorreu recentemente em Vila Velha, que proibiu as carroças dos catadores.
Associações de recicladores trazem uma perspectiva moderna e eficiente da gestão dos resíduos sólidos, em que a sociedade cumpre com a primeira tarefa, de separar o lixo dentro de casa, a prefeitura disponibiliza uma rede de coleta voluntária de materiais recicláveis, com pontos de entrega e veículos adequados para o transporte, e as associações recebem o material – seja da prefeitura ou dos próprios cidadãos ou colaboradores voluntários, como Cleuser – para fazerem a triagem e destinação adequada às empresas de reciclagem.
A reportagem demandou o secretário Léo Formigão por meio da assessoria de imprensa da prefeitura, mas não obteve resposta até a noite desta sexta-feira (12), quando foi informada pela Associação Reciclares do novo compromisso.