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Vereador retoma debate para mudar nome da avenida Michelini para Araceli

André Moreira ressalta que o movimento “nasce da repulsa da própria sociedade”. Sugestões serão a base de um PL

O vereador de Vitória André Moreira (Psol) lança nesta sexta-feira (19), por meio de seu site, um movimento visando levantar sugestões que serão a base de um projeto para mudar a denominação da Avenida Dante Michelini, em Camburi, para Araceli Cabrera Crespo, a menina de 8 anos drogada, estuprada e assassinada, que teve o corpo carbonizado encontrado dias depois na mata atrás do Hospital Infantil. 

A avenida de Camburi homenageia a família de dois dos principais envolvidos no crime brutal, Dante de Brito Michelini, o Dantinho, e Dante de Barros Michelini, seu pai, e ainda Paulo Constanteen Helal, o Paulinho, apontados como autores do crime. O desaparecimento de Araceli ocorreu em 18 de maio, data em que se instituiu o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Essa não é primeira tentativa de mudar o nome da avenida para Araceli Cabrera Crespo. Em 2018, o então vereador Roberto Martins (Rede) aprovou na Câmara a realização de um plebiscito para consultar a população sobre o tema, que foi vetado pelo prefeito da época, Luciano Rezende, do PPS, hoje Cidadania.

Os três acusados foram condenados, em 1980, pelo juiz Hilton Sily, a partir de uma denúncia do promotor Wolmar Bermudes, em um processo tumultuado em decorrência da influência da família. Por serem réus primários, permaneceram em liberdade e, em 1991, depois de terem a primeira sentença anulada, em novo julgamento, no Tribunal de Justiça (TJES), foram absolvidos, sob a justificativa de falta de provas, gerando protestos de entidades ligadas a movimentos de direitos humanos.

Um dos que batalharam para denunciar os envolvidos foi o vereador e depois deputado estadual Clério Vieira Falcão. Em inflamados discursos na Assembleia, Clério denunciava “os poderosos” e apontava que eles estavam sendo protegidos. O deputado conseguiu formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para reforçar as denúncias, que envolviam também consumo de drogas. Apesar dessa grande movimentação, o crime permaneceu sem solução. 

O deputado Clério Falcão morreu na década de 80, ao ter seu carro atingido por outro veículo, quando saía da garagem de sua residência, em Jacaraípe. Sua atuação em denunciar os três acusados pelo crime alcançou repercussão nacional,  não só pela brutalidade com que foi cometido, mas também pelo clima de apreensão provocado pela ditadura militar, inclusive com forte censura à imprensa.  

André Moreira afirma que a justificativa do movimento “é o fato de centralidade do caso da Araceli, tanto que em 2000, o Congresso Nacional instituiu o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes na data da sua morte”. Para o vereador, “é bom que ele esteja nascendo da repulsa da própria sociedade; o mandato seria só um espaço de apoio à organização e de link com o legislativo, sem querer ser o único”, ressalta.

Araceli vivia com o pai Gabriel Sanches Crespo, trabalhador do Porto de Vitória, e a mãe Lola, boliviana radicada no país, e o irmão Carlinhos, na rua São Paulo, Bairro de Fátima, na Serra. Em 2017, antes do veto ao projeto que permitiria a mudança de nome, a Prefeitura de Vitória inaugurou, no final da avenida Dante Michelini, um mural de grafite com 1.400 metros quadrados e um jardim em homenagem a Araceli.

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