Lino informa que, ao receber a demanda, o secretário quis se inteirar da situação, que foi repassada para ele. No dia 23, o gestor afirmou que iria confirmar a realização de uma reunião, mas isso não aconteceu. No dia 31, ao ser novamente questionado pela Amacentro, Tarcísio disse que a secretária iria ligar para agendar, o que também não ocorreu.
Uma das reclamações dos moradores é em relação ao Conselho Gestor do parque, que deveria ter participação popular, mas a comunidade afirma nem ao menos saber se ele de fato existe, pois não há informações. Além disso, relata Lino, o local, que antes costumava receber visitas guiadas de estudantes, carece de atividades abertas ao público, o que tem feito ficar cada vez mais esvaziado.
Outros problemas relatados são a falta de guia e de seguranças. Os moradores também apontam que não sabem se o parque tem um administrador, pois não o veem no local. “Se tem um administrador, ele não procura ter relação com a comunidade”, aponta.
A limpeza, relata o líder comunitário, tem sido feita, na medida do possível, pelos próprios moradores. “O chafariz está entupido, cheio de larvas de mosquito, o mirante do parque foi pintado, mas a escada que dá acesso está corroída, dificulta a ida das pessoas”, enfatiza.
Moradora do entorno do parque, a aposentada Fabíola Colares tem deficiência parcial dos membros inferiores e usa bengala para auxiliar na locomoção. Ela relata que há outras pessoas com deficiência na região, como um morador que é amputado e outro com dificuldade de se locomover por causa de uma paralisia cerebral. O acesso ao parque, afirma, é impossibilitado para essas e demais pessoas com deficiência, pois não há acessibilidade no local.
A aposentada também se queixa da situação da escadaria Cristóvão Colombo, que dá acesso ao parque e a imóveis residenciais. Como não há varrição, capina e poda de árvores, a vegetação está atingindo a escadaria e até mesmo as casas. Outra reclamação feita por Fabíola é do grande número de pessoas que vão até o parque fazer uso de drogas ilícitas, o que atrai aqueles que vão até ali para comercializar esses produtos, afastando os turistas.
No órgão ministerial, a Promotoria de Justiça Cível de Vitória instaurou procedimento para apurar possíveis irregularidades na pavimentação, com cimento armado, de uma trilha com idade estimada em cerca de 200 anos, construída possivelmente por escravos, e tombada pelo Iphan como um dos três sítios arqueológicos preservados dentro do parque.
Descaso com o Centro
Para Lino, a situação do parque faz parte de um conjunto de ações que mostram a falha dos serviços da Prefeitura de Vitória no Centro. “Quando a gente trata desse debate, a prefeitura, e até o próprio prefeito, vem falar do investimento feito no Mercado da Capixaba e no Viaduto Caramuru. Isso é fato, está sendo feito. Mas a reestruturação da rua Gama Rosa e da rua Sete, a gente não ouve mais falar, não há definição de um projeto. O Centro tem problemas no calçamento, tenho dificuldade de andar com um carrinho de bebê, imagina a dificuldade que deve ser para um cadeirante?”, questiona.
Ele também destaca que a prefeitura realiza a coleta de lixo em áreas mais movimentadas, como a Avenida Jerônimo Monteiro, não fazendo o mesmo em outras localidades. O líder comunitário destaca ainda a falta de cuidado dos próprios moradores com a questão do lixo, mas defende que a gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) não cumpre com sua responsabilidade, por não realizar campanhas educativas. Recentemente, informa, a administração municipal distribuiu panfletos, “mas trata-se de uma ação quase inócua, precisa de algo mais amplo, buscando uma mudança de comportamento”.