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Assassino de músico pode ser demitido da PM por meio de processo administrativo

Lucas Torezani de Oliveira está detido e foi indiciado por homicídio duplamente qualificado e abuso de autoridade

O soldado Lucas Torezani de Oliveira, que matou o músico, capoeirista e bacharel em Direito, Guilherme Rocha, irá passar por um processo administrativo demissionário, que, conforme noticiado pelo jornal A Gazeta nesta quarta-feira (21), será aberto pela Polícia Militar do Espírito Santo (PMES). Com isso, há possibilidade de Lucas ser excluído da Corporação. Não se sabe ainda a data de abertura do processo, que deve ser concluído em 60 dias, sendo possível a prorrogação por mais 30.

A análise do processo será feita pelo Conselho de Justificação e pelo Conselho de Disciplina, conforme prevê o Código de Ética e Disciplina dos Militares Estaduais (CEDME). Enquanto aguarda o resultado do processo, o soldado continuará a receber o salário líquido de R$ 4,1 mil. Em coletiva de imprensa realizada nessa terça-feira (21), a Polícia Civil (PC) informou que foi pedida a prisão preventiva de Lucas, que está detido desde abril.

Além dele, foi denunciado e indiciado um colega seu, Jordan Ribeiro de Oliveira, que vai responder em liberdade. A investigação concluiu que ambos cometeram homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e sem possibilidade de defesa. Lucas também foi indiciado por abuso de autoridade, pois, ao ser interpelado pela vítima, se apresentou como policial militar. Guilherme foi assassinado ao solicitar que cessasse o barulho proveniente de uma comemoração que estava acontecendo no salão de festas do condomínio, pois não estava conseguindo dormir.
Conforme informou o delegado Marcelo Cavalcanti, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Lucas foi autor dos disparos que mataram Guilherme e Jordan, co-autor. O segundo empurrou a vítima, jogando-a para longe, o que causou desequilíbrio, colocando-a em uma situação de vulnerabilidade. Foi aí que Lucas efetuou os disparos. Para tentar se livrar, o policial militar, na 1ª Delegacia Regional de Vitória, onde prestou depoimento, apresentou uma versão falaciosa, na qual alegou legítima defesa, mas, na verdade, executou “com requintes de crueldade”, conforme afirma o delegado.
Marcelo Cavalcanti relata, ainda, que Lucas esperou que a vítima morresse, além de ter impedido a esposa de Guilherme de socorrer o marido. Enquanto ela queria prestar socorro, o autor dos disparos dava umas goladas em uma bebida, o que “demonstra frieza”, reforçou. Outra atitude que demonstra frieza por parte do atirador foi a criação de um grupo no WhatsApp no qual inseriu Jordan e outra pessoa que estava na festa e testemunhou o assassinato, mas não foi indiciada. O grupo foi criado para combinar versões a serem ditas para a polícia sobre o crime. “No grupo, Lucas disse que se a vítima queria silêncio, ela está no silêncio eterno, mais ou menos isso a expressão que ele utiliza”, diz o delegado.
Na ocasião em que o crime ocorreu, Marcelo afirmou que o PM tinha o hábito de beber no condomínio, promovendo “algazarra” e “zoada”, sempre na entrada do bloco da vítima. Por esse motivo, já existiam cinco ocorrências contra ele em dois meses, como reforçado pela síndica, Mônica Bicalho. Guilherme foi assassinado com um tiro fatal que atingiu o ombro e atravessou o peito. Ele morava no condomínio com a esposa e a enteada de 12 anos. Um “ato de manifestação pacífica contra a violência” foi realizado em 6 de maio, em Jardim Camburi, marcando os 20 dias do assassinato. Vestidos de branco, familiares e amigos se reuniram em frente à Igreja Matriz Sagrada Família e caminharam até o condomínio onde ocorreu o assassinato, para realizar um momento de oração.

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