Foi determinado que a prefeitura deverá garantir a transição adequada de Itapuã para Jabaeté no prazo de 30 dias
Após audiência pública entre a gestão de Arnaldinho Borgo (Podemos), o Ministério Público do Estado (MPES) e a Defensoria Pública (DPES), realizada nessa sexta-feira (7), o juiz Fernando Cardoso Freitas, da 1ª Vara da Fazenda Pública Municipal de Vila Velha, se posicionou pela transferência do Centro de Atendimento Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPS IJ) de Itapuã, em Vila Velha, para Jabaeté, embora servidores e usuários e seus familiares sejam contrários. O magistrado salienta considerar imprescindível “que o município garanta a transição adequada entre os equipamentos de Itapuã e Jabaeté”.
A audiência foi fruto de uma ação civil pública (ACP) requerida pelo MPES, já que a gestão municipal anunciou, no início da semana passada, que o equipamento passaria a funcionar no outro bairro a partir da última segunda-feira (3). A medida motivou uma manifestação de servidores e usuários no último dia 30, com a fixação de cartazes e várias frases de protesto.
Na decisão, o magistrado aponta que “o município esclareceu que a remoção do CAPSi do bairro Itapuã para o bairro Jabaeté tem por objetivo atender de modo mais adequado a população de Vila Velha”. O texto prossegue dizendo que a Administração Municipal informou que “o imóvel alugado em Itapuã não tem estrutura adequada, e, diversamente, o imóvel construído em terreno do Município em Jabaeté atende às orientações de projeto arquitetônico, com terreno com extensão de 1.536 m² e área construída de 586,98 m², incluindo sala de medicação e posto de enfermagem”.
Consta ainda na decisão que o município destacou a Região Administrativa 5, composta por Barra do Jucu, Balneário Ponta da Fruta, Barramares, Cidade da Barra, Interlagos, Jabaeté, João Goulart, Morada da Barra, Morada do Sol, Morro da Lagoa, Normília da Cunha, Nova Ponta da Fruta, Ponta da Fruta, Praia dos Recifes, Riviera da Barra, Santa Paula I, Santa Paula II, São Conrado, Terra Vermelha, Ulisses Guimarães e Vinte e Três de Maio “está em primeiro lugar no ranking de usuários do equipamento, razão porque se mostra mais relevante a instalação do CAPSi naquela região, que também sofre com agravantes socioeconômicos”.
O CAPS IJ acolhe crianças e adolescentes com comprometimento psíquicos, como autismo e psicoses. Os usuários afirmam que o novo endereço é de difícil acesso, pois há poucas linhas de ônibus disponíveis até o bairro Jabaeté. Outro problema apontado é a localização ser distante da Rodosol, rodovia que possui maior trânsito de ônibus.
Ainda em 2021, diante da possibilidade de mudança e do conhecimento, por parte dos servidores, de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o MPES e o município para ampliação da rede de saúde mental, o órgão ministerial foi acionado não somente para evitar a transferência, mas também para que seja aberto um CAPS I em Jabaeté. A partir daí, de acordo com servidores que não quiseram se identificar, por medo de represálias, começou um processo de sucateamento do equipamento, que chegou a ficar nove meses sem gerente, não sendo possível resolver problemas como de infraestrutura.
Uma nova gerência foi nomeada, mas exonerada semana passda, quando o anúncio do fechamento foi feito, segundo os servidores, sem que a gestão municipal desse um prazo para a transferência do CAPS IJ de forma a possibilitar que isso fosse informado para as crianças e suas famílias. Sem uma transição, crianças e adolescentes procurariam os serviços e se deparariam com as portas fechadas, criticam.