Galerias estavam lotada de apoiadores do prefeito, acusado de mentir pelo vereador Vinícius Simões
O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), acompanhado do secretariado e de uma eficiente claque de apoiadores, deixou de responder a várias indagações dos vereadores da oposição na prestação de contas na Câmara de Vitória, na manhã desta quarta-feira (12), motivo de manifestações do grupo “Fora Pazolini”. O protesto segue medidas adotadas por Karla Coser (PT), Vinícius Simões (Cidadania) e André Moreira (Psol), por conta do atraso do prefeito em cumprir a legislação, motivo de representação com pedido de impeachment, arquivada pelo presidente do legislativo, Leandro Piquet (Republicanos).
O vereador Vinícius Simões foi um dos mais incisivos e disse que Pazolini mentiu ao abordar a questão dos aposentados, afetados pelo desconto linear de 14% imposto pela reforma da Previdência. Aprovada no início da atual administração, o assunto é explorado pela oposição e motivo de protesto dos servidores, que aguardam há mais de 80 dias uma nova proposta por parte do Executivo.
Ao ser questionado por que votara contra a reforma quando era deputado estadual e, já prefeito, apresentara a mesma proposta, aprovada às pressas na Câmara de Vitória, o prefeito disse que assim procedera para evitar um erro na Assembleia Legislativa, já que o projeto tratava de servidores federais. Para replicar, Vinícius exibiu um vídeo provando que Pazolini sabia que se tratava de servidores estaduais e não federais, e declarou: “o prefeito mentiu”.
Por quase cinco horas, com a Câmara de Vitória superlotada, Pazolini adotou um tom mais político no discurso e chegou a pedir vários “vamos dar uma salva de palmas”, de imediato obedecidos pelas galerias recheadas por apoiadores com cartazes de frases elogiosas. A plateia, formada por lideranças comunitárias, pescadores, servidores públicos, pessoal das áreas de saúde, de educação e aposentados, assistiu a vídeos e ouviu Pazolini pedir à Corregedoria punição para “um vereador condenado e com trânsito em julgado”, sem citar nomes.
O prefeito surfou em colocações de parlamentares de sua base política, como Davi Esmael (PSD), que levou a prestação de contas para dados comparativos da atual gestão com as dos ex-prefeitos João Coser (PT) e Luciano Rezende (Cidadania), com abordagens nas quais a vereadora Karla Coser passou a ser o alvo central, seguindo postura adotada por ele nos últimas meses, diante da já declarada candidatura de Coser a prefeito em 2024. Com o plenário já esvaziado, Pazolini encerrou a prestação de contas às 14h11, sob as palmas do secretário de Governo da prefeitura, Aridelmo Teixeira.
Desde cedo, começou a se formar uma extensa fila no pátio da Câmara, onde a segurança foi reforçada, sendo feito um cadastro das pessoas que queriam entrar no plenário. Às 9h56, Pazolini assumiu a tribuna, passando a mostrar dados da administração. Disse que, com participação comunitária, está conseguindo “reconstruir essa cidade, para tirar o estigma de que as pessoas tinham de entrar na prefeitura”.
Para o prefeito, ao assumir o cargo, as contas públicas estavam “esfaceladas”, com baixo nível de investimento, e destacou que, “antes de começar, é preciso olhar para trás”. Citou as questões dos aposentados, dos pescadores artesanais, impedidos de exercerem a profissão por força da Lei nº 9.077/2017, melhorias nas áreas de educação e saúde, assistência social, entre outras, traçando um panorama que coloca Vitória como uma cidade sem problemas.
Rebater esse cenário, em meio a mensagens de parabéns da maioria dos vereadores, coube a Karla, Vinícius Simões e André Moreira, autor da representação por crime de responsabilidade e improbidade administrativa contra o prefeito com pedido de cassação do mandato. Ao responder às vaias dos apoiadores de Pazolini, Karla apontou que é ruim viver subjugada e com “medo que de que as comunidade não sejam atendidas” se não fizer a vontade do prefeito.
Citou as condições das pessoas em situação de rua, que foram alvo de descaso por parte da prefeitura: “Qual é o motivo para uma situação tão desumana?”, questionou, e apontou problemas enfrentados pelos catadores de recicláveis e os pescadores. Pazolini rebateu e acusou a vereadora de “estelionato eleitoral”, por não ter apoiado a proposta de revogação da lei que proíbe a pesca do vereador André Brandino (PSC), da base do prefeito. Para muitos, essa medida não solucionará o problema.
Já o vereador André Moreira destacou que a prestação de contas deveria ter sido feita no final de junho, em atendimento às leis vigentes, mas estava ocorrendo depois do pedido de impeachment por ele apresentado no último dia 3. Ele mostrou um documento no qual comprova o descumprimento de grande parte das metas traçadas no início da gestão e encerrou a fala com um Fora Pazolini”.