Senador pediu licença de suas atividades por 115 dias, mas disse que retorna no final deste mês
Para prestar um segundo depoimento sobre um plano golpista por ele mesmo divulgado, em fevereiro deste ano, o senador licenciado Marcos do Val (Podemos) chegou à sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, no início da tarde desta quarta-feira (19), para explicar como faria para gravar conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, induzindo-o a dizer algo que pudesse anular o resultado das eleições de 2022.
Do Val pediu licença de suas atividades no Senado por 115 dias, período que impediu que sua suplente, Rosana Foerst (Cidadania), assumisse, alegando motivos de saúde, mas nesta terça-feira (18), disse que retoma as funções no dia 30 deste mês, quando termina o recesso parlamentar.
Na semana passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi ouvido sobre o mesmo caso, que, de acordo com o senador, envolveria também o ex-deputado federal Daniel Silveira, que está preso por atentar contra a democracia. Nas redes sociais, Do Val denunciou uma reunião organizada por Silveira e Bolsonaro para propor que o senador participasse de um plano para um golpe de Estado.
Ele contou, à época, que o plano consistia em levar o ministro a dizer algo que sugerisse extrapolar os limites constitucionais. A gravação faria com que a prisão de Moraes fosse pedida e a eleição anulada. O senador apresentou, porém, várias versões divergentes sobre o caso.
No último dia 15 de junho, Do Val foi alvo de uma operação da PF de busca e apreensão. A ação foi autorizada por Moraes, que determinou, ainda, que Marcos do Val prestasse depoimento, por mentir. Foram recolhidos em seu gabinete e residências de Brasília e Vitória, no Espírito Santo, computadores, pen drives e um telefone celular. As redes sociais do senador foram bloqueadas, por decisão do STF.
Bolsonaro
Ao depor na semana passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou à Polícia Federal que se reuniu com o senador Marcos do Val e com o ex-deputado federal Daniel Silveira, em dezembro de 2022, mas negou sua participação em um suposto plano para gravar Alexandre de Moraes como parte de um golpe de estado. “Nada foi falado sobre equipamento de escuta ou gravação”, argumentou.
Bolsonaro disse ter recebido uma mensagem de Marcos do Val, após a reunião, onde o senador encaminha um print de mensagem originalmente enviada ao ministro, dizendo que o presidente não estaria fazendo nada errado, mas que Daniel Silveira estaria tentando convencê-lo a prosseguir na execução de um plano. Por essa razão, “o declarante respondeu ‘coisa de maluco’, pois não havia entendido a mensagem”.