Foram 39 em 2021 e 59 em 2022 no ES. Anuário da Segurança Pública informa, ainda, dados de mortes de militares e civis
As mortes decorrentes de intervenções de policiais militares em serviço aumentaram consideravelmente no Espírito Santo. Conforme consta no 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número saltou de 39 para 59 de 2021 para 2022, totalizando 98 vítimas em dois anos. O presidente do Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes), Felipe Gutemberg Costa Lima, aponta que grande parte dessas pessoas têm a mesma cor, classe social e endereço: são negras, pobres e das periferias.
O ativista atribui o aumento ao discurso armamentista que vigorou durante os quatro anos de Governo Bolsonaro (PL), à perspectiva punitivista da segurança pública e à falta de um plano nessa área que seja feito em diálogo com a sociedade civil. “Sem dúvida, o início deste diálogo poderia ser, por exemplo, com o secretário estadual de Segurança Pública [Alexandre Ramalho] nos recebendo em seu gabinete”, pontua.
Felipe recorda que, em janeiro, o comandante da Polícia Militar (PM), Douglas Caus, anunciou que a instalação de câmeras de videomonitoramento na farda dos policiais estava em estudo para este ano. Ele destaca que trata-se de uma reinvindicação dos movimentos sociais, entre eles o Movimento Negro, e que está caminhando “de forma muito lenta”. “Não há informação sobre quando serão instaladas ou não e sobre como será o controle da sociedade civil”.
Quando o assunto é morte de policiais, a pesquisa mostra que houve duas de militares em serviço no ano de 2022 e nenhuma no ano anterior. Fora de serviço, foram duas em 2022 e uma em 2021. No caso de policiais civis, há apenas o registro de uma morte fora de serviço.
No que diz respeito ao suicídio de policiais na ativa, ocorreram três casos em 2021 e outros três em 2022, mas não há ocorrência do mesmo problema entre policiais civis.
O homem suspeito da ocorrência tentou fugir pelo telhado de um prédio, mas caiu no imóvel e pulou o muro em direção à rua. Em seguida, foi detido, algemado e colocado sentado na calçada da rua Castelo. Conforme demonstraram imagens de câmeras de segurança, nessa ocasião, o policial militar Thafny Da Silva Fernandes efetuou pelo menos um disparo de arma de fogo contra a vítima, à curta distância, causando a morte do preso. Ainda de acordo com o MPES. Outros quatro policiais também estão envolvidos no crime.
Já entre as mortes decorrentes de intervenções de policiais militares fora de serviço, houve grande repercussão o assassinato do músico, capoeirista e bacharel em Direito, Guilherme Rocha, assassinado pelo soldado Lucas Torezani de Oliveira, que foi indiciado junto com seu colega, Jordan Ribeiro de Oliveira. Guilherme foi morto a tiros após solicitar ao soldado que abaixasse o som de uma festa que realizava no condomínio onde moravam.