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Morre Dom Geraldo, bispo que atuou em defesa dos atingidos pela Samarco

Dom Geraldo Lyrio Rocha faleceu aos 81 anos, de parada cardiorespiratória, em Altamira, Pará. Corpo será trasladado para Vitória

Faleceu na madrugada desta quarta-feira (26), o arcebispo emérito da Arquidiocese de Mariana, em Minas Gerais, Dom Geraldo Lyrio Rocha, que sofreu uma parada cardiorespiratória. O sacerdote já se encontrava hospitalizado, pois em um retiro em Altamira, no Pará, sofreu uma queda nessa segunda-feira (24) e fraturou o fêmur. O corpo será trasladado para Vitória, onde morava, depois seguirá para o sepultamento em Mariana.

O velório será realizado nesta quinta-feira (27), a partir de 6h, na Catedral Metropolitana de Vitória, com celebração de missas a cada duas horas. Às 18h será a última missa e o translado do corpo para a Diocese de Colatina, onde será velado até 12h de sexta-feira (28). Em seguida, o corpo será transladado para Mariana. As exéquias seguidas de sepultamento será às 15h de sábado (29).

Arquidiocese de Mariana

Dom Geraldo tinha 81 anos. Era natural de Fundão, norte do Estado. Ficou à frente da Arquidiocese de Mariana em 2007, onde permaneceu por 11 anos. Foi em sua gestão, em 5 de novembro de 2015, que ocorreu o crime da Samarco/Vale-BHP, contaminando o Rio Doce com rejeitos de minério, o que causou impactos sociais, culturais, econômicos e ambientais que ainda hoje impactam diversas comunidades no Espírito Santo e em Minas Gerais.

Dom Geraldo se posicionou fortemente em defesa dos atingidos e pela reparação dos danos causados. Dias após o rompimento da barragem, a Arquidiocese, junto com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), montou um plano de ação para atender as vítimas. As iniciativas não se resumiram a abrigamento ou doações de utensílios, mas também na união com os movimentos sociais por justiça, pois como dizia Dom Geraldo “só a luta vence a lama”.

O bispo também fez críticas severas à atividade mineradora, como em relação à fragilidade e à insuficiência dos critérios utilizados para a definição de novas áreas de mineração, dos métodos utilizados, das técnicas de produção e gestão de barragens. Criticou ainda, a vulnerabilidade da legislação socioambiental e as falhas nas fiscalizações.

Ao deixar a Arquidiocese de Mariana, em 2018, destacou o seguinte recado aos atingidos: “que ninguém desanime, mas também que ninguém procure lutar sozinho. Porque uma varinha só é fácil de quebrar. O meu desejo é ver a vida voltando ao seu curso e que todos possam ser felizes, mesmo tendo passado por tantas adversidades. Meu desejo é que ninguém desanime. Meu desejo é poder retornar aqui um dia e ver o povo feliz cantando vitória, fruto da sua união, do seu empenho e do seu esforço”.

No Espírito Santo, foi diretor espiritual do Seminário Nossa Senhora da Penha, onde também atuou como reitor; foi co-fundador e diretor do Instituto de Pastoral da Arquidiocese de Vitória ES (IPAV); coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Vitória; professor de Filosofia, Liturgia e Teologia no Seminário Nossa Senhora da Penha e no Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória; professor de Filosofia e História da Filosofia na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Dom Geraldo também foi pároco nas paróquias de Itacibá, em Cariacica; e Praia do Suá e Vila Rubim, em Vitória. Além disso, foi membro do Cabido Metropolitano de Vitória, subchefe do Departamento de Psicologia e Filosofia da Ufes; bispo auxiliar da Arquidiocese de Vitória e 1º bispo de Colatina, no norte do Estado. Além disso, teve destacada atuação nacionalmente e chegou a presidir a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). 

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