Confortável na bolha das redes sociais, Coronel Ramalho tenta minimizar críticas e denúncias, que só crescem
O secretário de Estado de Segurança, coronel Alexandre Ramalho (Podemos), que chamei aqui outro dia de novo “Rambo Capixaba”, devido às ações midiáticas que promove à frente da pasta, tem sido alvo de sucessivos protestos de movimentos sociais e lideranças. Na última semana, isso aconteceu mais uma vez pela voz das mulheres negras, que foram às ruas na sexta-feira (28) e voltaram a pedir a exoneração do secretário, resultado das operações comandadas por ele nas regiões periféricas, apontadas como discriminatórias e desproporcionais. Pouco antes, reação semelhante ocorreu no caso com repercussão nacional do padre Kelder Brandão, da paróquia Santa Teresa de Calcutá, localizada no Território do Bem, em Vitória, e “visitada” sem mandado por policiais militares com cães farejadores, o que foi denunciado como perseguição, já que Kelder também é crítico das ações violentas adotadas pela Sesp. “A mim estão sendo direcionadas classificações pesadas, desonestas e covardes, mas continuarei firme naquilo que sempre acreditei, lugar de criminoso é na cadeia”, avisou Ramalho em publicação no Instagram, acrescentando: “Julguem-me pelo que faço e não pelo que nunca pratiquei. Segurança Pública é uma tarefa árdua, pesada e necessita o tempo todo de postura de enfrentamento a grupos criminosos, principalmente homicidas e traficantes”. Quer dizer, ao invés de buscar diálogo com a sociedade civil, foi novamente para seu local preferido, as redes sociais, para falar com quem é de seu interesse, de fato: seguidores, fãs e eleitores.
Nada
A publicação de Ramalho, feita também na última semana, apresenta print de matéria deste Século Diário sobre o manifesto divulgado pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras Capixabas e outra da Gazeta relacionada ao padre Kelder. As explicações do secretário, ou melhor a falta delas, se resumiram às aspas acimas.
Ninguém
Na marcha das mulheres negras, ninguém do secretariado do governo as recebeu no Palácio Anchieta, muito menos Renato Casagrande (PSB).
Justiça
As ações midiáticas exaltadas por Ramalho também são contestadas por outras áreas. A Defensoria Pública do Estado (DPES) ingressou com ação civil pública para que não sejam divulgadas imagens de operações nas redes sociais, em especial no Instagram, até que seja regulamentado o uso de câmeras corporais.
Propagandas
O Núcleo de Direitos Humanos, Infância e Juventude e Presos Provisórios aponta que, sem o monitoramento tecnológico formal, a Secretaria de Segurança divulga de forma corriqueira vídeos e imagens de operações policiais, que são sigilosas, como propagandas institucionais.
Marca
O “blog da Segurança” do secretário, justamente no Instagram, nada mais é também do que a propagação de sua própria imagem de “herói” e temido pela criminalidade”, e que tem conferido a ele popularidade. Já tem até vídeo típico de campanha eleitoral sobre história de vida. Ramalho, como já dito aqui, está em campo para pavimentar candidatura à Prefeitura de Vila Velha.
Fora da mesa
A propósito, tem partido nanico garantindo que está disposto a encarar o mesmo projeto. O PMB anunciou Euclides Boca Aberta, que se diz ativista, como pré-candidato à prefeitura. Ele é crítico da gestão de Arnaldinho Borgo (Podemos). Mas essas medidas, sabe como é, não raramente servem apenas para tentar entrar no jogo. Veremos!
Dança das cadeiras
Após evento sobre os 10 anos da Lei Anticorrupção no Brasil, em São Paulo, Casagrande criticou as movimentações que incluem o Centrão – Republicanos e PP – no Governo Lula, tirando para isso espaços de partidos aliados e que estiveram com o presidente nas eleições. “Sinal ruim para a política”, opinou ao jornal O Globo nesta segunda.
Dança das cadeiras II
Casagrande defende que Lula acomode o Centrão, o que vê como natural, mas sem mexer na base. A atual articulação envolve mudanças em ministérios, um deles de Portos e Aeroportos, comandado por Márcio França, do partido de Casagrande. Republicanos e PP, novidade nenhuma, eram da base de sustentação de Jair Bolsonaro (PL).
Nas redes
“(…) A prioridade da Segurança Pública tem sido somente a repressão. Tem se mostrado desastrosa e esse é apenas mais um indício de que algo precisa ser mudado urgentemente. As mortes e operações violentas nas periferias, sobretudo no Território do Bem, investimentos pesados em equipamentos para reprimir e não em políticas de prevenção a crimes, incluindo feminicídios, estão expressos e denunciados pela sociedade civil em diversos manifestos (…)”. Iriny Lopes, deputada estadual pelo PT.
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‘Rambo Capixaba’, o retorno
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