Prefeitura de Vitória quer transformar unidade em integral, mas famílias alegam falta de infraestrutura e redução de vagas
A Prefeitura de Vitória decidiu transformar o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Sinclair Philips, em Caratoíra, em unidade de ensino em tempo integral. No entanto, essa não é a vontade dos pais dos alunos, que reclamam de não terem sido ouvidos sobre a decisão.
Diante disso, o Conselho de Escola realizou uma reunião nessa quarta-feira (2) com os familiares. Embora não tenha sido convidada, a gestão municipal se fez presente por meio da secretária de Educação, Juliana Roshner; do secretário de Governo, Aridelmo Teixeira; e do assessor especial dessa pasta, Luciano Gagno, ex-secretário de Cultura.
O integrante do Conselho de Escola e pai de uma aluna, Arlindo de Almeida, acredita que a presença dos representantes da prefeitura foi uma tentativa de intimidação. “Deixamos claro que a reunião era nossa e que eles é quem deveriam escutar”, diz. De acordo com ele, a justificativa da secretária de Educação para a falta de diálogo sobre a implantação do tempo integral foi de que a comunidade se mobilizou antes disso acontecer.
Juliana disse ainda que a própria direção da unidade de ensino solicitou a mudança. Contudo, afirma Arlindo, não há registro nenhum nesse sentido em documentos ou e-mail.
Outro argumento apresentado pela gestora foi de que o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) foi ao bairro e conversou com moradores, que sinalizaram positivamente para a possibilidade de mudança. A informação também é contestada. “Tenho certeza que esses representantes da prefeitura que vieram aqui, se precisassem voltar sozinhos, não saberiam nem chegar”, aponta Arlindo, evidenciando o distanciamento e a falta de conhecimento da gestão sobre a região.
Além da imposição, a mudança para o tempo integral tem sido questionada porque a escola não tem infraestrutura para isso. Arlindo relata que o CMEI se situa em um beco e não tem acessibilidade para pessoas com deficiência nem proporciona condições para que isso seja feito. Também não tem saída de emergência e um terreno foi desapropriado há cerca de 10 anos para ampliação, como forma de resolver os problemas de infraestrutura, o que não foi concretizado.
O integrante do Conselho Escolar questiona como deixar as crianças o dia todo em uma escola sem infraestrutura. “Elas vão ficar lá o dia todo trancadas na sala de aula, porque não tem condição de fazer atividades em outros espaços. Para você ter noção, o parquinho do CMEI é fora dos muros da escola”, pontua.