Senador Fabiano Contarato quer saber se Anderson Torres foi articulador de uma manobra golpista
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro ouvirá, na próxima terça-feira (8), o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres, em atendimento ao requerimento do senador Fabiano Contarato (PT), um dos que pediram a convocação de Torres. Os parlamentares querem detalhes sobre os atos terroristas ocorridos na primeira semana do governo do presidente Lula.
Os ataques evidenciaram parte de um golpe de estado orquestrado por grupos bolsonaristas, que se reuniram por mais de dois meses em frente a quartéis do Exército, antes de invadirem os edifícios-sedes do Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto, provocando destruição. Os golpistas foram presos e processados, inclusive militantes da extrema-direita residentes no Espírito Santo.
A CMPI também aprovou a quebra de sigilo telefônico de Anderson Torres. Entre outros dados, os parlamentares requerem informações sobre uma minuta golpista encontrada pela Polícia Federal (PF) na casa do ex-ministro de Bolsonaro após operação de busca e apreensão.
Anderson Torres teve prisão decretada em 14 de janeiro, em razão de indícios de omissão nos ataques em Brasília. Ele permaneceu preso por quatro meses e sua soltura foi autorizada no dia 11 de maio pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que determinou medidas cautelares, entre as quais uso da tornozeleira eletrônica.
No pedido, Contarato afirma que “o depoimento de Anderson Torres é fundamental para as investigações desta Comissão Parlamentar de Inquérito”, por ser investigado por suspeita de participação nos atos golpistas cometidos por bolsonaristas radicais em Brasília. Na casa do ex-ministro foi encontrada uma minuta de decreto golpista, que seria assinado pelo ex-presidente Bolsonaro”.
Para o senador, “é imprescindível a análise, por parte da CPMI, da eventual conivência na tentativa de golpe que resultou na depredação das sedes dos Três Poderes”. A apuração possibilitará saber, segundo Contarato, “se Torres foi articulador de um processo golpista inaugurado no dia 30 de outubro de 2022, e posteriormente evidenciado nos acontecimentos em 12 de dezembro e em 24 de dezembro, quando tentaram articular uma bomba no aeroporto de Brasília”.
Com base no plano de trabalho, Eliziane Gama, relatora da CPMI, classifica como importante a colaboração do Torres, para dar detalhes sobre o período em que esteve à frente da Secretaria de Segurança Pública no início de janeiro e as operações de segurança na véspera do segundo turno das eleições presidenciais, além dos ataques à sede da Polícia Federal, em Brasília, no dia 12 de dezembro, e a tentativa de explosão de uma bomba em um caminhão tanque nas imediações do aeroporto de Brasília.