Mudanças apresentadas pelo ministro Camilo Santana atendem parcialmente às reivindicações da comunidade escolar
O ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou que vai encaminhar para o Congresso Nacional até o início de setembro um projeto de lei (PL) para alterar a reforma do Ensino Médio, implementada por meio da Lei Federal 13.415/2017, aprovada no governo Michel Temer (MDB). A iniciativa é classificada pelo Comitê Espírito Santo pela Revogação do Novo Ensino Médio como uma “meia reforma”, por atender parcialmente às reivindicações da comunidade escolar. “Não altera totalmente, mas tem pontos positivos”, pondera a integrante do Comitê e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Eliza Bartolozzi.
A Lei Federal 13.415/2017 estabelece carga horária de 1,8 mil horas para a formação básica. Também prevê 1,2 mil horas para itinerários formativos, que são cinco: Humanas, Matemática, Linguagens e Exatas, mais formação técnica e profissional. Na proposta a ser encaminhada para o Congresso Nacional, as cargas horárias passam a ser de 2,4 mil horas para a formação básica, podendo ser de 2,2 mil no caso de cursos técnicos. O aumento era uma reivindicação dos contrários à reforma do Ensino Médio, pois, conforme afirma Eliza, a formação básica “é fundamental para desenvolver os conhecimentos necessários”.
Os recentes cortes na educação foram anunciados em 28 de julho, por meio de decreto presidencial, motivados pelo fato de que a estimativa superou o limite estabelecido pelo teto federal de investimentos em 2023. Ao todo, 10 pastas foram afetadas. A da educação sofreu um bloqueio no valor de R$ 333 milhões. O novo arcabouço fiscal, aprovado no Senado em junho e que tem previsão de votação na Câmara dos Deputados neste mês, tem como objetivo substituir o teto de gastos, limitando o crescimento da despesa a 70% da variação da receita dos 12 meses anteriores.
A vice-presidente do DCE, Madê Soares Tavares de Oliveira, afirma que essas duas iniciativas podem inviabilizar demandas dos estudantes em todo o Brasil. No Espírito Santo, algumas são moradia estudantil e gratuidade no Restaurante Universitário (RU) da Ufes e a criação de uma universidade estadual.