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Contarato defende prisão de Bolsonaro e calcula pena de até 20 anos

“Ele agiu de forma direta para atentar contra o Estado Democrático de Direito”, apontou senador na CPMI de 8 de janeiro

“Bolsonaro preso, já!”, é o apelo do senador Fabiano Contarato (PT) feito nessa quinta-feira (17), após o “depoimento bombástico” do hacker Walter Delgatti na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que acusou diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro de envolvimento direto nas manobras golpistas que resultaram nos atos de 8 de janeiro, com a depredação de prédios dos três poderes da República, em Brasília. Nos cálculos do senador, a condenação pode chegar a 20 anos de prisão.

O hacker afirmou que Jair Bolsonaro pediu a ele que assumisse um grampo que teria sido feito contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante uma ligação mediada pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

O depoimento de Delgatti, considerado “bombástico” pela relatora da Comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), complica ainda mais a situação do ex-presidente, investigado em esquema de venda de joias de alto valor recebidas em viagens oficiais, que implica ainda sua mulher, Michele, e assessores. Os dois tiveram o sigilo fiscal e bancário quebrados nesta sexta-feira (18). 

Durante sua participação na sessão da CPMI, Contarato afirmou: “Ele é coautor de todos esses crimes: tentar com o emprego de violência ou grave ameaça abolir o estado democrático, artigo 359, reclusão de 4 a 8 anos; tentar depor por meio de violência ou grave ameaça governo legalmente constituído, 4 a 12 anos”. 

“O senhor foi responsável por revelar um sistema de fraude num processo eleitoral que demonstrou a inocência do presidente Lula. E eu não tenho dúvidas que o senhor vai ser o responsável para que a justiça brasileira determine a prisão imediata do ex-presidente Jair Bolsonaro”, disse o senador dirigindo-se a Walter Delgatti.

Ele lembrou na CPMI que Bolsonaro “foi um presidente que demonstrou que não sabe viver numa democracia e que, sistematicamente, atacou as instituições; foi um presidente que difundia para a população que nós tínhamos que fechar o Congresso; não soube se portar como presidente. Nega a ditadura, ovaciona torturador, ataca a imprensa, ataca a OAB, participa de movimentos antidemocráticos para fechar o Congresso Nacional. Ele agiu de forma direta para atentar contra o Estado Democrático de Direito”.

Enfatizou também que “nesse depoimento de tudo que já foi coletado, as provas são contundentes, tanto de natureza objetiva quanto com as interceptações com os documentos, mas também com a prova testemunhal, que está provando que houve a digital direta de Bolsonaro neste atentado do dia 8 de janeiro. Que foi a eclosão daquilo que ele já vinha fazendo desde 2018”.

Para Contarato, Bolsonaro “tem que ser responsabilizado por todos esses crimes. Eu espero que a Polícia Federal, o Judiciário, vão pender todos essas pessoas que atentaram contra a democracia”, reiterou.

Depoimento

Walter Delgatti disse que teve algumas reuniões e conversas com Bolsonaro, em 2022. Uma delas no Palácio da Alvorada e com duas horas de duração, quando Delgatti ouviu de Bolsonaro um pedido para criar um código fonte falso e questionar o sistema eleitoral. E, diante do receio em ser preso, recebeu a promessa de indulto.

Esse vídeo mostrando a suposta fraude nas urnas seria divulgado no dia 7 de setembro. Delgatti disse que tentou explicar que uma invasão às urnas seria impossível e, como a conversa entrou em aspectos técnicos, Bolsonaro pediu que esses detalhes fossem tratados com técnicos do Ministério da Defesa e com o ministro da Defesa na época, Paulo Sérgio Nogueira.

Pouco tempo depois, em outra conversa, por telefone, num posto de gasolina no interior de São Paulo, organizada pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), o hacker ouviu de Bolsonaro que o ministro Alexandre de Moraes havia sido grampeado, mas que era preciso que Delgatti assumisse a autoria desse grampo. E, novamente ouviu a promessa de indulto.

Delgatti disse que ouvia de Bolsonaro que precisava fazer isso pela liberdade do povo, que, caso contrário, o resultado poderia ser a ruptura institucional.

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