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Jovem é espancado por saudar policiais que estavam no manguezal com lanternas

Caso foi denunciado à Corregedoria e Promotoria da Auditoria Militar, à DPES e aos conselhos estaduais

PM-ES

A truculência da Polícia Militar contra a juventude negra do Espírito Santo é mais uma vez denunciada, desta vez, contra um jovem de 17 anos morador de Maria Ortiz, em Vitória, que passeava com seu cachorro próximo ao manguezal do bairro por volta das 19h do último dia 10 de agosto.

Ao ver duas lanternas em movimento dentro do manguezal, o rapaz proferiu uma saudação comum na região e gritou “caranguejeiros!”. A resposta, no entanto, foi de violência por parte dos dois policiais que o jovem confundiu com marisqueiros, conforme relata o vereador André Moreira (Psol), que encaminhou a denúncia, feita originalmente pela mãe da vítima, para várias entidades estaduais.

“Ofendidos com a saudação do jovem, os policiais (que ainda não foram identificados) abordaram o rapaz. Uma viatura com outros policiais chegou ao local onde, em seguida, o jovem começou a ser submetido a uma sessão de intenso sofrimento físico e mental. Os agentes o levaram para dentro do mangue, entre as árvores, e o mandaram ‘calar a boca’, ajoelhar e disseram que iriam ‘apagá-lo’ caso continuasse chorando”, informa a denúncia do vereador.

“Os policiais deram tapas no rosto do adolescente, enforcaram-no, apontaram uma arma de fogo para a cabeça dele enquanto estava ajoelhado. Disseram que ele ‘tinha sorte por não levar spray de pimenta na cara’ e perguntaram a ele se alguma coisa havia acontecido ali, como forma de intimidá-lo e impedir eventual denúncia dos fatos perante outras autoridades. O rapaz respondeu que não, indicando que nada havia acontecido e, portanto, não haveria o que ser relatado a outras pessoas”, prossegue.

A família dispõe de um Boletim Unificado sobre o crime (52012127), que também foi denunciado à Corregedoria da Polícia Militar (Ocorrência 1037/2023), onde foi orientada a realizar o exame de lesões corporais no rapaz.

O caso também foi levado até a Promotoria de Justiça da Auditoria Militar, ao Núcleo Especializado de Direitos Humanos e Cidadania da Defensoria Pública Estadual (DPES); à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa; ao Conselho Estadual dos Direitos Humanos (CEDH) e ao Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Criad).

Manifestos públicos

Casos como este têm sido recorrentes no Espírito Santo e uma solução para essa situação é um dos focos do Grito dos Excluídos deste ano , que reclama o cumprimento, pelo governo de Renato Casagrande (PSB), do termo de compromisso assinado com a sociedade civil organizada durante a sua campanha de reeleição em 2022.

A I Marcha Estadual da Mulher Negra também destacou o assunto. Na entrega do manifesto ao governo do Estado e à Prefeitura de Vitória, uma das reivindicações foi a saída do secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Coronel Alexandre Ramalho, que usa exatamente as abordagens violentas contra a periferia como exemplo de gestão.

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