Carlos Quartezani, ex-presidente do diretório municipal, afirma que um grupo prepara ação na Justiça
O ex-presidente do MDB em Conceição da Barra, norte do Estado, ainda filiado ao partido, Carlos Quartezani, denunciou nesta terça-feira (22) irregularidades na nomeação de uma comissão provisória municipal composta por pessoas que não são filiadas, “mais um equívoco praticado pela também provisória comissão estadual”, comandada pela ex-senadora Rose de Freitas.
“Houve um encontro de amigos dos quais apenas três têm filiação ao MDB e o chamaram de convenção”, disse Quartezani, ressaltando que um grupo de emedebistas preparam uma ação na Justiça pedindo a impugnação da convenção, que ocorreu nesse sábado (19).
Documento enviado aos quadros de filiados amplia a crise registrada em alguns municípios, entre eles Colatina e, também, Vitória. O texto questiona a nova comissão provisória nomeada por Rose, formada por Ledimara Campos da Paixão, presidente, que é mulher do prefeito Mateusinho do Povão (PTB); Elma Lagasse Santos, tesoureira; e tem como membros Márcia Pereira dos Santos, Cridtian de Souza Serras e Rosiane Santos Lima, as duas últimas sem filiação partidária.
Para Quartezani, não se trata das pessoas nomeadas, mas da forma como ocorreu a indicação e considerando as ligações delas com o prefeito. “Não tenho absolutamente nada contra essas pessoas que estavam lá, todos merecem meu total respeito. Contudo, falta-lhes conhecimento e informação sobre o que é um partido político, como funciona, e o que é preciso fazer para constituir legitimidade para realizar uma convenção”.
“Houve desrespeito ao Regimento Interno do MDB, que proíbe filiações em bloco, como ocorreu agora”, informa Quartezani, enfatizado que foram ignorados membros históricos do partido, como vem ocorrendo desde que a ex-senadora assumiu.
O MDB no Espírito Santo enfrenta problemas desde o fraco desempenho nas eleições de 2018, agravados em 2021 com o conflito entre o ex-deputado federal Lelo Coimbra, que perdeu a presidência da executiva estadual, e o bloco do ex-deputado federal Marcelino Fraga e do deputado estadual José Esmeraldo, expulsos do partido.
Já em 2022, um ano depois de Rose assumir, um pedido de intervenção na executiva estadual junto à direção nacional e o andamento de uma ação na Justiça foram cogitadas por membros da legenda, que apontavam que a então senadora desrespeita o estatuto e as convenções partidárias.
Recentemente, Rose virou alvo de uma notícia-crime, protocolada na Superintendência da Polícia Federal (PF), com pedido de abertura de inquérito para apurar suspeita de prática de “crime grave, em benefício pessoal (…), pressupondo-se o desvio de recursos públicos, no valor de R$ 110, 4 mil”. O documento aponta suposto desvio do Fundo Partidário.
Quartezani firma que “maioria das pessoas não vivencia o trabalho em torno de uma agremiação partidária. A organização, as prestações de contas e o respeito ao filiado são os fatores que credenciam um partido político a serem o canal de representação da sociedade no processo democrático”. E destaca: “Como membro filiado do MDB de Conceição da Barra, repudio o ato desse sábado, que ousaram chamar de convenção”.