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Fórum Capixaba de Fotografia realiza o primeiro Projeta ES

Serão projetadas 430 imagens de 115 fotógrafos do Estado na área externa do Museu Casa Porto 

O Fórum Capixaba de Fotografia realiza, nesta quinta-feira (31), o I Projeta ES, na área externa do Museu Casa Porto das Artes Plásticas, no Centro de Vitória. Serão projetadas, das 18h às 22h, 430 imagens de 115 fotógrafos que atuam no Espírito Santo. A ação, que busca dar visibilidade aos trabalhos dos profissionais, foram enviadas pelos autores, que se inscreveram voluntariamente após convocatória pública.

André Alves

Um dos organizadores da atividade, o fotógrafo Gabriel Lordello afirma que uma das marcas da exposição é a diversidade, uma vez que vários tipos de registros foram feitos por meio das imagens, como os de manifestações folclóricas, cidades, retratos, fotografias abstratas, além de imagens coloridas, outras em preto e branco, e também atuais e mais antigas.

O Fórum reivindica que a fotografia seja contemplada como um setor exclusivo no conjunto das políticas públicas de fomento à cultura, incluindo editais públicos e participação em conselhos consultivos e deliberativos. A reivindicação, bem como seus motivos, foi divulgada na Carta de Vitória, primeira atividade do grupo, constituído em 29 de junho, como “uma organização representativa, coletiva, permanente, horizontalizada e não hierárquica”.

Apoena Medeiros

Gabriel afirma que os fotógrafos não se sentem representados nas políticas culturais municipais e estadual. Ele recorda que os editais da Secretaria Estadual de Cultura (Secult) chegaram a contemplar durante um tempo a publicação de livro de fotografia, o que não é feito mais e não era suficiente. Destaca, ainda, que não há uma política com foco nesse setor, que acaba se inserindo, por exemplo, em editais de circulação.

“Além disso, quando se tem uma política na qual a fotografia pode se inserir, não há um júri capacitado para fotografia, mas sim, profissionais como artistas plásticos e visuais, que tendem mais para essas artes. Não que a fotografia não se integre aí, mas tem que ter fotógrafo também”, aponta, destacando que outra reivindicação do grupo é ter representatividade no Conselho Estadual de Cultura.

Renata Paz

Dados

No ato da inscrição para participar do I Projeta ES, os fotógrafos preencheram um questionário que serviu para traçar um diagnóstico da categoria. Os dados mostram que 54,4% deles nunca participaram de um edital, mas têm vontade. Os que já participaram compõem 27,2%. Outros 16,7% nunca participaram e 1,8% assinalou a opção “outros”. Somando os que nunca participaram, o índice é de 71,1%. “Isso reflete a falta de incentivo”, avalia Gabriel.

Também buscou-se averiguar por meio do questionário as potencialidades de abordagens que a fotografia tem como uma expressão cultural. As potencialidades e o número de fotógrafos que as apontaram foram educação (54), produção (56), novas tecnologias (38), acervo e memória (71), pesquisa (48), políticas públicas (40), novas abordagens em arte (62), publicações (58), curadoria (31) e outros (39).
No que diz respeito à formalização do setor, as atividades de 50,9% dos fotógrafos que responderam o questionário carecem de formalização. Os que têm registro de microempreendedor individual (MEI) são 31,6%. Os profissionais que têm microempresa somam 10,5% e os que têm empresa, 6,14%. “Podemos observar a necessidade da formalização do setor, como através de ações do Sebrae para constituição de pessoa jurídica, e assim exercer a profissão, e estarem aptos a concorrer de forma justa e igualitária com outros setores da cultura”, pontua o Fórum.
Lei Paulo Gustavo
Diante da proximidade de implementação da Lei Paulo Gustavo por meio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e das pastas municipais do setor, o Fórum, por meio da Carta de Vitória, sugere a criação de três linhas específicas para Fotografia: Formação; Produção Fotográfica e Difusão; e Preservação e Memória, totalizando um investimento de R$ 1,7 milhão.

 A linha de Formação seria voltada para ações de formação para fotógrafos profissionais e amadores, como cursos, seminários, encontros e mostras, nos formatos presencial e online, contemplando três projetos de R$ 40 mil cada. O total, portanto, é de R$ 120 mil.

Edson Chagas

A Produção Fotográfica e Difusão abrange desenvolvimento de projeto, contemplando as áreas de pesquisa, produção, curadoria e acervo, com três prêmios de R$ 40 mil cada. Nessa mesma linha, também é sugerida a inserção de projetos de publicação de três fotolivros, de R$ 160 mil cada, e de oito prêmios de fotozine, de R$ 20 mil cada, bem como realização de exposição fotográfica, com atividades de arte-educação e catálogo. Nesse caso, seriam dois prêmios de R$ 160 mil para ocupação de equipamentos públicos e outros dois de R$ 80 mil. A linha de Produção Fotográfica e Difusão, então, seria contemplada com R$ 1,24 milhão.

A terceira e última linha, Preservação e Memória, contaria com os eixos de inventário e conservação de acervo fotográfico, além de digitalização, tratamento e reprodução de acervo analógico fotográfico. No primeiro, seria um prêmio de R$ 100 mil. No segundo, três de R$ 80 mil. O total, portanto, é de R$ 340 mil.

O Fórum leva em consideração, em sua reivindicação, que “a fotografia é uma expressão cultural historicamente arraigada no Espírito Santo, desde os anos 40 até os dias atuais, nas mais variadas vertentes, como fotografia documental, fotojornalismo, fotografia publicitária, fotografia de natureza, fotografia de arquitetura, fotografia figurativa, bem como a fotografia integrada às outras artes”.
Os fotógrafos defendem que a fotografia capixaba precisa resgatar seu prestígio com o público local e nacional. Também destacam que a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Universidade Vila Velha (UVV), Faesa, Centro Estadual de Educação Técnica Vasco Coutinho (CEETVC), Estácio de Sá, Novo Milênio e Multivix “reúnem cursos que oferecem formação regular em fotografia, sendo que a UVV destaca-se com um curso tecnológico de formação exclusiva”.
O texto prossegue dizendo que “a produção fotográfica gera diversos produtos culturais e didáticos, como exposições, publicações impressas e digitais, projeções públicas, acervos de museus e galerias, material de pesquisa, documentação, inventários de patrimônio histórico material e imaterial; além de alimentar redes sociais, o mercado jornalístico, das artes, da moda entre outros, gerando uma cauda longa de envolvidos nesta cadeia produtiva”.
Consta ainda na Carta de Vitória que, apesar da fotografia cumprir um papel social e cultural na formação crítica do olhar do público, documentando momentos históricos, denunciando questões sociais e políticas, celebrando a diversidade e promovendo a inclusão social, “não está contemplada de forma estruturante e setorial nas políticas públicas no âmbito da cultura do Espírito Santo”.


Fórum quer inclusão da fotografia nas políticas culturais do Estado

Mobilização divulga Carta da Vitória, que cobra editais específicos e participação em conselhos consultivos e deliberativos


https://www.seculodiario.com.br/cultura/forum-quer-inclusao-da-fotografia-nas-politicas-culturais-do-estado

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