Após a prisão de um dos condenados pelo assassinato de Anastácio Cassaro, ex-prefeito de São Gabriel da Palha (noroeste do Estado), Fernando de Martins, ocorrido na quinta-feira (20), na Operação São João da Polícia Civil, a família de Cassaro ainda aguarda a prisão dos outros dois condenados pelo crime, Edvaldo Lopes de Vargas – pai do prefeito mo município, Henrique Vargas (PRP) – e Luiz Carlos Darós (conhecido como “Rosquete”).
Informações no município dão conta que os dois foragidos frequentam São Gabriel da Palha. O julgamento que condenou os acusados pela morte do ex-prefeito foi realizado em 10 de junho de 2011 e a prisão cautelar deles expedida em 29 de fevereiro de 2012, mas eles nunca foram capturados.
A filha do ex-prefeito, Sandra Cassaro se disse surpresa com a prisão de Fernando de Martins, já que ela acreditava ser ele o mais difícil de ser capturado. Ela, que está há mais de um ano sob proteção policial, espera que os outros dois foragidos sejam presos.
Sandra está em local protegido por ter recebido uma ameaça de morte. Após o recebimento da ameaça, em fevereiro de 2012, a filha de Anastácio Cassaro procurou a presidência do Tribunal de Justiça do Estado (TJES), que gerou dois encaminhamentos: o primeiro para a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), para a apuração da procedência das ameaças e outro para o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, para que Sandra fosse incluída no Programa.
Trama
O ex-prefeito Anastácio Cassaro foi morto, na noite do dia 3 de abril de 1986, com dois tiros de revólver, disparados pelas costas e na cabeça. Ele se encontrava dentro de um carro quando saía em companhia de seu filho, o ex-deputado estadual Arildo Cassaro, e seu sobrinho, Evaldo de Castro, quando foi emboscado, no bairro Goiabeiras, na Capital.
O pistoleiro fugiu num Chevette branco, sem placa, acompanhado de um comparsa. Em abril de 1986, dia da execução, Cassaro estava na Capital capixaba para finalizar detalhes da organização da Festa do Café, em São Gabriel da Palha, preparando a visita do presidente da República, atual senador José Sarney. Naquela noite, o prefeito passara na casa do seu filho, como era de seu costume, para seguir sua viagem. Como consequência da visita, Anastácio Cassaro foi executado com dois tiros à queima roupa. Seu sobrinho foi baleado com dois tiros – um em cada perna.
Durante as investigações policiais, revelou-se que o crime foi encomendado pelo que foi conhecido por um “Consórcio de Crime”, com interesses políticos no assassinato do prefeito Anastácio Cassaro. Exatamente por esta condição é que se consegue entender a demora na resolução do crime. O processo se arrastou por vários anos, sendo que a última testemunha só foi ouvida em 1998, ou seja, 12 anos após o fato.
A denúncia foi apresentada pela então representante do Ministério Público Estadual (MPE), promotora de Justiça Magda Regina Lugon, à 3ª Vara Criminal de Vitória. Todos os citados no processo nº 024.890.235.393 foram indiciados. O juiz criminal da época, Paulo Nicola Copolillo – atualmente desembargador –, recebeu a denúncia e determinou a prisão, dos acusados, no dia 15 de abril de 1986, 12 dias após o evento criminoso.