Proposta se dá após mobilização local; insatisfação com transporte público é a principal motivação
Pela proposta, a Lei Complementar nº 318, de 17 de janeiro de 2005, seria alterada para que a Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) incluísse Aracruz entre os municípios que já fazem parte da região: Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória. Além disso, o projeto também prevê a reestruturação do Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória (Comdevit) e autorização para o governo instituir o Fundo Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória (Fumdevit).
Atualmente, Aracruz está na microrregião do Rio Doce, junto com Ibiraçu, João Neiva, Linhares, Rio Bananal e Sooretama. De acordo com a justificativa do projeto, a iniciativa tem o “intuito de adotar determinadas políticas públicas em conjunto, facilitando ou viabilizando a implementação de políticas integradas através de um planejamento compartilhado, além de permitir a ampliação das linhas do Sistema Transcol”.
Além da proposta, o também deputado estadual João Coser, do mesmo partido, protocolou um pedido de informações, direcionado à secretária de Estado, Maria Emanuela Alves Pedroso, indagando sobre “a existência de eventuais estudos e análise de viabilidade de inclusão do município de Aracruz”. O deputado citou o abaixo-assinado de 2019 como motivação para o pedido.
Transporte coletivo em questão
O principal ponto para a reivindicação de que Aracruz passe a fazer parte da Grande Vitória está relacionada com a possibilidade de, a partir disso, o município ser incluído no Sistema Transcol de transporte coletivo interurbano.
“Os ônibus do Transcol já até chegam em Aracruz, mas só como ponto final, na divisa com Fundão”, afirma Júlio Cezar Florentino Perini, que representa o Sindicato dos Servidores Municipais de Aracruz (Sisma) no Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (Comtrat). Segundo ele, a articulação com a deputada Iriny Lopes tem sido feita desde a época do abaixo-assinado, em 2019.
O serviço de transporte coletivo de Aracruz tem sido alvo de constantes reclamações, o que motivou a realização de uma sessão especial na Câmara de Vereadores nessa segunda-feira (18). Atualmente, a empresa responsável por todas as linhas de ônibus é a Cordial. Em maio deste ano, após sucessivas reclamações e descumprimento de acordos, a Prefeitura de Aracruz decretou a caducidade do contrato – ou seja, a extinção – com a empresa Expresso Aracruz, que operava em parte das linhas.
“Aracruz tem se desenvolvido muito, com instalação de grandes projetos econômicos. Com o Sistema Transcol, a gente também poderia desenvolver melhor outras questões, como o atendimento a pessoas com deficiência e gratuidade para estudantes. E estando na região metropolitana, facilitaria outros investimentos no desenvolvimento”, comenta Júlio Cezar
Inclusão de Santa Leopoldina
A proposta de Iriny Lopes para Aracruz se deu pouco mais de um mês da apresentação de um projeto de lei na Assembleia para a inclusão de outro município na Grande Vitória: Santa Leopoldina, que atualmente está localizado na região serrana. O responsável pela proposição, que está em análise nas comissões temáticas, é o deputado Vandinho Leite (PSDB).
Na justificativa do projeto, ele argumenta que um dos critérios para a definição da região metropolitana é a “continuidade ou contiguidade da malha urbana, a dimensão demográfica e a complexidade das funções” – Santa Leopoldina faz divisa com Cariacica, Serra e Fundão. Assim, a inclusão do município na RMGV “irá proporcionar a busca por soluções conjuntas no sentido de agregar forças e valores que favoreçam o desenvolvimento conjunto dos municípios explorando e diversificando as potencialidades locais”.
O vereador de Aracruz Vilson Jaguareté (PT) comentou, em um discurso na Câmara Municipal, que o projeto direcionado a Santa Leopoldina se mostrava como uma oportunidade também para Aracruz.
“É importante que nós façamos, tanto a Câmara quanto o Executivo, uma articulação política junto com o governador para fazer essas tratativas. Porque o transporte público, se a gente ficar falando só de mudança de horário, nós não vamos resolver o problema mais sério, que é o problema estrutural”, destacou Jaguareté.