Convenção ficou cheia de emedebistas, que pleiteiam o fim da crise para ter chance de formar chapas para 2024
A eleição para o diretório estadual do MDB no Espírito Santo, realizada nessa quinta-feira (21), em Vitória, ainda não acabou. O processo permanece aberto e reacende a crise iniciada em 2018, com a saída do então governador Paulo Hartung, seguida da desistência de reeleição, o que favoreceu o atual ocupante do cargo, Renato Casagrande (PSB), na época líder de oposição ao governo.
O empate na votação da escolha do diretório estadual, com o placar de 27 X 27, e a reação nesta sexta-feira (22) do movimento “União & Ação”, liderado pelo ex-deputado federal Leo Coimbra, o coloca frente a frente, mais uma vez, contra a atual presidente da comissão provisória, a ex-senadora Rose de Freitas, da chapa “Reconstrução”.
Na quinta-feira (21), quando tudo parecia tranquilo, os sorrisos e tapinhas nas costas cederam lugar a críticas e protestos de convencionais e acompanhantes, apoiadores da ex-senadora, de um lado, e do ex-deputado federal Lelo Coimbra, seu opositor.
Ambos estão na linha de frente da crise que afeta o partido, em campos opostos, não somente agora, mas há mais de cinco anos, e cuja tendência é permanecer por um tempo. Um quadro que tem tudo para ampliar o risco de mais um desempenho desfavorável nas eleições de 2024, como no início do conflito, em 2018 e em 2020, e na disputa do ano passado, quando a legenda não apresentou quadros e Rose perdeu a reeleição.
Naquela época, muitos ficaram pelo caminho, outros se acomodaram no partido que alcançava o poder ou buscaram novas alianças, sem dar muita importância a ideologias ou credos políticos. Foram para a direita, esquerda, uns ao centro e ainda os que, sem consciência política, se apegam a qualquer coisa. O amplo espaço do cerimonial Oásis, em Santa Lúcia, Vitória, foi ocupado por representantes desses grupos, onde se realizou a convenção.
O ex-deputado Marcelino Fraga, protagonista de embate com Lelo em 2020 pelo comando do partido no Estado, o que lhe valeu a expulsão dos quadros partidários, estava presente à convenção. Desse embate surgiu a solução centrada em Rose de Freitas, em 2021, para reerguer o partido, sendo Lelo o mais prejudicado com a perda da presidência, que agora pretende recuperar. Fraga diz não guardar mágoa e expressa o desejo de voltar a se filiar ao partido.
A ex-senadora deputada estadual Luzia Toledo, também participante da convenção, embora na torcida, preferiu o silêncio, mas correligionários de Lelo afirmam que ela está no grupo. Já os prefeitos de Mantenópolis, Hermínio Hespanhol (MDB); Laranja da Terra, Josafá Storch (MDB); e de Conceição da Barra, Mateusinho do Povão (PTB), se movimentavam em favor de Rose.
A relação da ex-senadora com vários prefeitos envolvendo o MDB, por conta de sua atuação no Senado, tem sido objeto de denúncia de emedebistas, entre eles o ex-presidente do diretório municipal de Conceição da Barra, Aécio Matos, que apontou “fortes indícios de irregularidades”.
Segundo Aécio afirmou nesta sexta-feira, foram registradas na sede do MDB, em Vitória, antes da convenção, editais irregulares, com data de 15 de setembro, após a publicação do edital de convocação, cuja data é de 13 deste mês. Ele aponta os editais das convenções dos municípios de Rio Novo do Sul, com data de 18 de setembro, e de Vila Valério, datado no dia 19, fora do prazo permitido. “Rose atropelou todas as regras como jamais foi visto”, desabafa.
O clima, até a próxima terça-feira (26), é de suspense, à espera de uma decisão da nacional, que já permitiu que Rose renovasse sua permanência na comissão provisória por 10 vezes, superando o máximo permitido pelo regimento, de duas renovações. E enquanto a questão não se resolve, emedebistas históricos e pré-candidatos a cargos eletivos assistem o crescer da crise e a chance de formar chapas para as eleições de 2024 ficar mais distante.