Pesquisa estadual também mostra dados de “crimes de proximidade”, cometidos com arma de fogo e faca
As principais vítimas de homicídios dolosos no Espírito Santo em 2022 foram negros e homens, com índices de 82% e 91%, respectivamente. Considerando a faixa etária, 52% tinham idade entre 15 e 29 anos. Os dados são da primeira edição do Anuário Estadual da Segurança Pública, divulgado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) e o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
Os brancos totalizaram 15% das vítimas e sobre outros 3% não há informações de raça. Apenas 9% eram mulheres.
Ao todo, foram 1 mil crimes desse tipo no Estado, o segundo menor dos últimos 10 anos. O menor foi em 2019, quando foram registrados 987. O maior foi em 2012, com 1,6 mil.
Do total de vítimas de 2022, a maioria, 51%, não tinham passagem pela polícia. O restante, 49%, tinha. Além disso, nove delas faziam parte da comunidade LGBTQIA+; 11 eram pessoas em situação de rua; três policiais militares; quatro estavam detidas em regime fechado; quatro no semi-aberto; e seis eram taxistas ou motoristas de aplicativo.
A pesquisa também faz outros recortes. Um deles é a faixa etária. Do total das vítimas, 205, portanto, a maioria, tinham de 21 a 25 anos. São feitos outros recortes etários: 16 a 20 (169); 26 a 30 (153); 31 a 35 (140); 36 a 40 (91); acima de 50 (61); 41 a 45 (59); 46 a 50 (56); não informado (40); 11 a 15 (23); e 0 a 10 (6).
Nesse último grupo, que abarca as crianças, três casos foram em circunstâncias que o Anuário chama de “crimes de proximidade”, ou seja, que são motivados por “conflitos na comunidade”, “conflitos intrafamiliares”, “crimes de intolerância”, “crimes de racismo” e “crimes por motivos banais”, como briga de trânsito e briga em bar. Três das seis crianças vítimas de homicídio doloso na faixa etária de 0 a 10 anos foram mortas pelos pais.
Em 2022, aproximadamente 19% dos homicídios foram praticados em circunstâncias que caracterizaram “crimes de proximidade”. Do total desses casos, 34% tiveram como autor do crime pessoa do seio familiar.
Os meios mais utilizados nas mortes por proximidade foram arma de fogo e arma branca, presentes, cada uma, em 41% dos casos. Tanto instrumentos contundentes quanto espancamento fizeram parte de 3% dos crimes. Em outros 12% não há informações sobre o meio utilizado. A residência foi o local onde aconteceu a maioria das mortes por proximidade, totalizando 41%. Em seguida vem a via pública (34%); bar/comércio (11%); área rural (5%); outros (5%); e praça (4%).
De acordo com o Anuário, os perfis foram levantados com base em documentação, informações do Boletim de Ocorrência (BO) e na identificação do Departamento Médico Legal (DML) por exame de DNA ou reconhecimento por parte de parentes.
Por outro lado, 12 municípios não apresentaram nenhuma morte por homicídio doloso no ano de 2022: Itarana e Venda Nova do Imigrante, na região serrana; Ibitirama, Divino de São Lourenço e São José do Calçado, no Caparaó; Vila Pavão, Laranja da Terra, Alto Rio Novo, Marilândia e Ponto Belo, no norte; Apiacá e Muqui, no sul.