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Professores de Vitória com carga horária inferior a 15h perdem postos de trabalho

Eliane Gonçalves afirma que vários profissionais terão que participar da remoção para escolher outra escola

A gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) anunciou para os professores da rede municipal de ensino que têm carga horária de menos de 15h que eles perderão seus postos de trabalho, tendo que, automaticamente, passar pelo concurso de remoção interna para escolha de outra escola onde trabalhar. A professora Eliane Alves Gonçalves é uma das atingidas pela decisão que, conforme relata, foi informada por e-mail encaminhado às unidades de ensino.

A Secretaria Municipal de Educação (Seme), chefiada por Juliana Roshner, afirma no comunicado que “os servidores localizados em postos de trabalho cujas cargas horárias ficaram inferiores a 15 horas semanais, se tornaram excedentes e novas configurações de divisão foram organizadas”. O argumento é de que “a divisão de carga horária que ocorreu no ano de 2023 ficou incompatível em algumas unidades de ensino para o ano de 2024, o que inviabilizará a permanência dos profissionais nesses postos”.

Eliane relata que, no ano passado, sua carga horária da disciplina de Educação Física, que ministrava na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Marechal Mascarenhas de Moraes, em Maria Ortiz, foi reduzida para que que ela pudesse ministrar também as matérias de Projeto de Vida e Prática Experimental. A professora discorda do que foi feito, uma vez que não prestou concurso público para essas disciplinas e a formação oferecida não foi adequada, pois tratou-se de uma troca de experiências com profissionais que já davam aulas desse conteúdo, não havendo a figura de um formador.
Este ano, prossegue Eliane, sua carga horária de 25h foi reduzida para 12h30, pois tiraram Projeto de Vida e Prática Experimental. Por isso, ela buscou complementar cobrindo a licença de um professor, que retornou ao seu posto em maio. A professora, que é de Serra Sede, afirma que as opções de escolas ofertadas a ela pela Seme são de difícil acesso, uma vez que mora longe e depende de ônibus para se locomover. Com a situação, adoeceu e tirou licença, permanecendo ainda hoje.
“A Seme quer tampar buracos que arranjou mexendo no currículo. Minha cadeira de 25h foi quebrando, quebrando, e se reduzindo a nada. A gente vai para a remoção sem saber o que vai ter lá, o que vai ser de nós no ano que vem. Nossos postos de trabalho, inclusive, estão sendo oferecidos para outros professores sem processo de remoção”, desabafa.
O diretor executivo do grupo Professores Associados pela Democracia de Vitória (PAD-Vix), Aguinaldo Rocha de Souza, informa que a entidade já formalizou denúncia no Ministério Público do Espírito Santo (MPES). “A vaga para a qual a pessoa passou no concurso tem que ser a que ela vai trabalhar sua carga horária. A Seme alterou a grade curricular, mas o município não abriu concurso para profissionais ministrarem essas novas disciplinas”, aponta.
Aguinaldo questiona, inclusive, a necessidade das matérias de Projeto de Vida e Prática Experimental. “Para que serve a disciplina de Projeto de Vida para uma criança de seis anos? Ela tem que brincar, se divertir. Inclusive, estudiosos dizem que isso que foi ofertado como disciplina já era abordado de maneira transversal, não precisava substituir outros componentes curriculares”, afirma.

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