Filiação do vice-governador reuniu lideranças de todo o Estado e favorece Renato Casagrande
Apesar de todos aparecerem “bem na foto”, como diz o jargão político, na festa de filiação do MDB para pôr fim à longa crise, não é unanimidade a entrega do comando do partido ao vice-governador, Ricardo Ferraço, como ocorreu nessa segunda-feira (16), em Cariacica, pelo presidente nacional, deputado federal Baleia Rossi (SP). A decisão da Nacional reforça o projeto do governador Renato Casagrande (PSB) de deixar o governo antes das eleições de 2026 para tentar o Senado, mas desagrada a ala ligada ao ex-governador Paulo Hartung (sem partido), embalada no sonho de ainda vê-lo de volta à disputa eleitoral.
A festa de filiação de Ricardo, que inclui o anfitrião, o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (ex-União), e o de Colatina, Guerino Balestrassi (ex-Podemos), não conseguiu aplacar nos bastidores os comentários dos descontentes, embora todos buscassem entrar no clima. De outro lado, existem também lideranças de peso em apoio a essa nova configuração no contexto político estadual, como o prefeito de Barra de São Francisco, Enivaldo dos Anjos (sem partido).
Afirmações do tipo “não é novidade que Ricardo Ferraço na presidência do MDB serve, exclusivamente, aos interesses do governador” corriam à solta. E há também quem fizesse questionamentos mais específicos, com base no tempo de filiação exigido no regulamento para assumir a Presidência. Essa questão, no entanto, está sendo resolvida em Brasília.
As articulações que resultaram na pacificação entre a ex-senadora Rose de Freitas, ex-presidente da comissão provisória do partido, aliada de Casagrande, e o ex-deputado federal Lelo Coimbra, antigo aliado de Hartung, fizeram os dois, aparentemente, deixarem de lado a disputa pelo comando da legenda, que corria o risco de esfacelar-se. A participação de Casagrande na articulação é apontada, sendo ele um dos favorecidos, por passar a deter influência direta no comando do MDB, que apesar de registrar poucos quadros com mandatos, e somente no interior, ainda é o partido com o maior número de filiados no Espírito Santo.
Paulo Hartung, atualmente executivo do Instituto das Árvores (Ibá) e com trânsito no âmbito político nacional, embora não apareça nas movimentações em torno de seu retorno à política eleitoral no Espírito Santo, possui aliados participando de articulações. Exemplo disso a convenção do MDB realizada no último dia 15 de setembro, em Vitória, com Lelo Coimbra e Rose de Freitas na disputa, que terminou empatada. Para muitos, nas rodas de conversas que se formaram, a votação ocorreu entre os grupos de Casagrande e Hartung
Atividade partidária
O prefeito Enivaldo dos Anjos apontou, nesta terça-feira (17), a possibilidade de não disputar a reeleição em 2024 e dedicar-se, nos anos de 2025 e 2026, na atividade política apenas como dirigente de partido, junto com o governador Renato Casagrande e o vice-governador Ricardo Ferraço.
“Não desejo ser candidato à reeleição. Tenho o pensamento de cumprir esse mandato e entregar a prefeitura arrumada para o meu sucessor e, a partir de 2025, me dedicar à construção partidária junto com o governado e o vice”, destacou.
O prefeito está sem partido desde a eleição de 2022, que reconduziu Casagrande ao Palácio Anchieta. Desde a fundação do PSD em 2011, ele assumiu o comando do partido no Estado e ficou na legenda. Foi eleito deputado estadual em 2014, reeleito em 2018, e ganhou a Prefeitura de Barra de São Francisco em 2020, três décadas depois de tê-la comandado pela primeira vez.
Enivaldo desligou-se quando o grupo do ex-governador Paulo Hartung assumiu o partido, em 2022, para que o então prefeito de Linhares, Guerino Zanon, disputasse a eleição estadual contra Casagrande. “Fui convidado tanto pelo governador Renato Casagrande para me filiar ao PSB quanto pelo Ricardo Ferraço para me associar ao MDB. Não tenho pressa, mas com certeza a partir de 2025, nosso grupo será fortalecido e vou estar à frente disso”, garante.