O rompimento e o volta atrás do deputado estadual Denninho Silva (União) somam-se às articulações para as eleições municipais, no âmbito do favorecimento ao ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), pré-candidato em 2024, que incluem, segundo o mercado político, o MDB pós-crise, comandado pelo vice-governador, Ricardo Ferraço, e, por extensão, o governador Renato Casagrande (PSB).
O governador articulou a pacificação do partido, apesar de ser do PSB, legenda aliançada com o PT, do deputado estadual João Coser, também pré-candidato em Vitória. A articulação do vice-governador, agente político que estimulou o retorno de Luiz Paulo à disputa eleitoral, remete ao apoio do PT a Casagrande, em 2022, inclusive com o cancelamento do senador Fabiano Contarato ao governo do Estado, favorecendo a reeleição de Casagrande.
Em um processo natural, haveria o apoio do MDB – e de Casagrande – a Coser, considerando, também, não apenas o PSB, mas legendas ligadas a seu governo, como o MDB, agora parte do projeto futuro, liderado por Ricardo Ferraço, governador substituto de Casagrande em 2026, como aponta o mercado. No campo nacional, o MDB apoia o Governo Lula, tanto que Simone Tebet e Renan Filho, membros do partido, ocupam ministérios de grande destaque.
Esse cenário é descrito por emedebistas, ressalvando, no entanto, que, apesar das ligações do próprio João Coser com Casagrande, essa aliança dificilmente será concretizada. Luiz Paulo é colado a Ricardo Ferraço, tem cargo no governo e conta ainda com a adesão explícita do secretário de Estado de Meio ambiente, Filipe Rigoni, presidente estadual do União Brasil e se movimenta para fechar alianças que poderão afetar a pré-campanha do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos).
Não é à toa, que o governador tem afirmado há dias que pretende ver o MDB pacificado e com mais filiações, uma declaração que se relaciona às eleições de 2024 e a formação de bases fortes para as de 2026.
O rompimento de Denninho com Pazolini, seguido de pedido de perdão, tem o mérito de demonstrar o nível de instabilidade nas relações político-eleitorais, quando destituídas de um mínimo de embasamento ideológico. Ele teria seguido a direção do seu padrinho político, o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, que se filiou ao MDB, mas agiu fora do tempo, precipitadamente.
Ao contrário do vice-governador, que, embora na presidência do MDB e ainda sem conseguir convencer a base do partido sobre a pacificação entre os grupos da ex-senadora Rose de Freitas e o ex-deputado estadual Lelo Coimbra, mantém a discrição e age nos bastidores. Lelo foi eleito na semana passada secretário-geral da Fundação Ulisses Guimarães, entidade formadora de conceitos políticos da legenda. Ele e Rose, afastados do processo decisório, buscam cacife para a disputa à Câmara Federal em 2026.