Ela e Iriny foram as únicas a discordar da honraria e título que serão concedidos ao ex-presidente na Assembleia nesta sexta-feira
“O inelegível não merece receber a maior honraria do Espírito Santo”. Com essa frase, a deputada estadual Camila Valadão (Psol), também pré-candidata à Prefeitura de Vitória em 2024, registrou sua discordância com a sessão solene e a entrega de honraria ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tornado inelegível pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que serão realizadas nesta sexta-feira (10), às 15h, na Assembleia Legislativa.
A parlamentar, que não comparecerá ao ato, externou sua insatisfação durante pronunciamento na sessão desta quarta-feira (8), quando foi aprovada a homenagem a Bolsonaro, que responde a dezenas de processos, que inclusive poderão levá-lo à prisão. Camila e Iriny Lopes (PT) foram as únicas a votar contra.
A mais recente investigação foi iniciada nessa terça-feira (7), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, que determinou investigação, pela Polícia Federal, de mais de R$ 17 milhões recebidos pelo ex-presidente em doações por meio de Pix.
A sessão solene foi requerida pelo deputado Danilo Bahiense, seguindo iniciativa da bancada do seu partido, PL, do qual Jair Bolsonaro é presidente de honra, e sua esposa, Michelle, comanda o PL Mulher. Ela também visitará o Estado nesta sexta, para participar de evento destinado às mulheres do partido.
Dos cinco deputados da legenda no Espírito Santo, só quatro assinaram a proposta inicial: Lucas Polese, Capitão Assumção, Callegari e Bahiense. Zé Preto não assinou, para preservar a relação com o governador Renato Casagrande (PSB), visando a eleição para prefeito de Guarapari.
A sessão solene ocorrerá no Plenário Dirceu Cardoso, onde Jair Bolsonaro receberá a ordem do mérito Domingos Martins, no grau de grã-cruz, “por serviços de excepcional relevância prestados à sociedade”, e o título de cidadão espírito-santense. A ordem do mérito foi proposta por Bahiense e o título por Assumção.
“Será um momento festivo, no qual poderemos dialogar e celebrar com os patriotas. Agradecemos ao presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, pela sensibilidade de verificar e de organizar com os deputados a estrutura da casa para esta solenidade que receberá uma autoridade com nível de chefe de Estado”, afirmou Bahiense.
Inelegível
Jair Bolsonaro e o general Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente da chapa em 2022, foram condenados à pena de inelegibilidade por oito anos, o ex-presidente pela terceira vez e o general por duas, de acordo com relatório do ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A última condenação ocorreu nessa segunda-feira (6), em uma ação ajuizada pela campanha do presidente Lula.
O magistrado estendeu, pela similaridade das ações, a decisão que o tribunal tomou em 31 de outubro, entendendo que houve abuso de poder e uso eleitoral nas comemorações do 7 de Setembro de 2022.
Apesar de impedido de candidatar-se, o ex-presidente vem realizando visitas a estados, depois de passar um período recolhido, em meio a inquéritos e processos, que somam a quase 600, sobre golpe de estado, corrupção, venda ilegal de joias do acervo público, e abuso de poder político e econômico.