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​’Vir aqui é um gesto de alerta para que o racismo acabe’, diz Tunico da Vila

Cantor prestou depoimento sobre caso que denunciou em outubro. Acusado ainda será ouvido

Alexandre Bizinoto

O cantor e compositor Tunico da Vila prestou depoimento na tarde desta quinta-feira (9) no 5º Distrito Policial, localizado em Jardim Camburi, Vitória, sobre o ato de racismo que denunciou ter sofrido no dia 20 de outubro, na Rua da Lama, em Jardim da Penha. Apesar da situação relembrar um fato triste, o artista afirma que levar a denúncia adiante é uma forma de lutar contra a discriminação racial. “Vir aqui é um gesto de alerta para que o racismo acabe”, ressalta.

O advogado de Tunico, Hédio Silva Júnior, informa que o acusado, que não teve o nome divulgado, ainda será ouvido e o delegado irá requerer medida protetiva para a esposa do artista, uma vez que o homem apontado como agressor tem sido visto rondando a residência do casal. Também serão arroladas testemunhas e provas para apuração do caso. Havendo confirmação de que se trata de racismo religioso, a situação irá para o Judiciário.

Conforme relatou o artista, prestar o depoimento é também uma maneira de incentivar outras pessoas que passaram por situações semelhantes a denunciar. “É preciso parar de olhar para o preto, para a preta, com desconfiança. No nosso mundo não deve mais caber racismo, homofobia, ou qualquer outra forma de preconceito”, afirmou o artista, que reiterou um conselho já dado por ele nas redes sociais, que foi o de que as vítimas desse tipo de violência não devem agredir quem os discriminou.

Tunico aconselha que as pessoas procurem as autoridades competentes, como a Polícia Civil (PC), Polícia Militar (PM), Ministério Público (MP). O artista recorda o dia do fato. De acordo com ele, sua esposa foi à rua passear com Soba, porco de estimação da família, quando um homem começou a gritar com ela alegando que o animal estava destruindo a obra da Rua da Lama, que “os cidadãos estão pagando”.

Nesse mesmo momento, prossegue Tunico, ele desceu para solicitar que a esposa o auxiliasse na troca de um curativo, pois estava recém-operado. O artista portava suas guias de orixá. Foi quando o homem teria falado “volta para a favela, lá é o seu lugar!”. Diante disso, Tunico chamou a PM, que pegou os dados da pessoa apontada como autora das ofensas.

O cantor e compositor afirma que não é a primeira vez que sofre racismo, tendo passado pela mesma situação em outros lugares do Brasil e fora dele. Por isso, afirma que não se pode generalizar o povo do Espírito Santo. “Isso que aconteceu aqui poderia ocorrer em qualquer outro lugar. O Espírito Santo é o estado que me abraçou, que me deu paz para compor, para fazer o meu trabalho. As pessoas são muito boas”, destaca.

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