Membros da IBPC enfatizam que, “corajosamente, temos acolhido e amado pessoas que outras igrejas rejeitam”
Membros da Igreja Batista da Praia do Canto (IBPC) empunharam faixas e cartazes nesse domingo (12), em frente à sede da congregação, na avenida Rio Branco, em Vitória, em protesto contra ato do juiz Jaime Ferreira Abreu, que impede o pastor Usiel Carneiro de Souza de usar as redes sociais da congregação para exercer o ministério pastoral. Com a decisão, aumentam as sanções inicialmente impostas pelo juiz Maurício Camatta Rangel, com o afastamento do pastor de suas funções.
Em nota oficial, o Conselho da Igreja afirma: “Ousadamente, temos afirmado a supremacia do amor e da graça de Deus sobre a vida humana, o que, estranhamente, tem produzido críticas por parte de igrejas e pastores que se acostumaram a uma mensagem guiada por acusações, preconceitos e condenações. Corajosamente, temos acolhido e amado pessoas que outras igrejas rejeitam. E assim temos agido no melhor entendimento do que seja o evangelho de Cristo, que desde o começo foi visto como escândalo e loucura”.
Considerada uma afronta à “soberania da igreja” pela maioria dos membros e também pelo Conselho, que exigem “liberdade de culto” e manifestam total apoio ao pastor Usiel, a intervenção judicial é resultante de uma ação instaurada por 25 ex-membros da congregação, de perfil atuante no âmbito da direita conservadora. Eles contestam o pastor Usiel, de conduta progressista, voltada para o acolhimento de todas as pessoas, independente de crenças e questões relacionadas à sexualidade, dentro da visão do evangelho de Cristo.
Após essa nova decisão judicial que o impede de realizar cultos na igreja, o pastor Usiel Carneiro de Souza decidiu não participar da reunião desse domingo à noite, mas ressaltou que apenas deixará a comunidade se este for o desejo dos fiéis. Ele tem recebido o apoio de mais de 400 membros desde que as divergências internas tornaram-se públicas, há pouco mais de um mês.
Em uma live nesse domingo, Usiel considerou o movimento “uma perseguição”, posicionamento endossado pelos seguidores enquanto ele fazia a transmissão pelo Instagram pessoal, já que não pode usar o da igreja. “Esta é uma live de desabafo, de indignação, mas vamos seguir firmes. Eu ainda acredito na Justiça”, afirmou.
Na decisão, prolatada nos autos do processo (nº 5020310-65.2023.8.08.0024) e protocolada no sistema eletrônico do Tribunal de Justiça do Espírito Santo às 19h36 da última sexta-feira (10), o magistrado determinou que todas as senhas das redes sociais sejam passadas para o ex-membro Jairo Mendes Peçanha, “presidente eleito”, sem indicar eleito por quem.
De acordo com o Estatuto das Igrejas Batistas, em todas elas, a assembleia dos membros é sua instância máxima e, no caso, o pastor Usiel tem tido seu mandato renovado pela assembleia desde 2013. Os 25 autores da ação judicial foram desligados pelo Conselho da Igreja em janeiro de 2021, decisão referendada pela assembleia da Igreja.
‘Não há razão’
Nesse domingo, o Conselho da Igreja divulgou o posicionamento oficial, no qual afirma que “não há razão que justifique o afastamento e muito menos a destituição do nosso pastor como pretendem os que o acusam”. O texto diz: “Todos fomos atingidos por uma primeira decisão há algumas semanas e sobre a qual o próprio pastor Usiel se pronunciou. Mais uma vez, estamos enfrentando essa situação indesejada”.
“Para os que são mais recentes em nossa igreja, temos a informar que, há cerca de dois anos um pequeno grupo de ex-membros da igreja vem, de todas as formas, trabalhando para trazer instabilidade à igreja e retirar Usiel Carneiro de Souza, pastor eleito e mantido nesta igreja pela vontade da maioria de seus membros”.