Comunidades apontam falta de diálogo da gestão de Euclério Sampaio sobre o fechamento de escolas
Movimentos populares e o Sindicato dos Servidores Municipais de Cariacica (Sindismuc) realizarão, no próximo sábado (18), o Ato em Defesa da Educação Pública de Cariacica. A concentração será às 13h, na praça de Campo, localizada na Avenida Expedito Garcia. De lá, os manifestantes seguirão rumo à rotatória, em frente à Colibri Festas. O fechamento das Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs) Jones dos Santos Neves, em Boa Sorte, e Nilton Gomes, em Cruzeiro do Sul, tem sido questionado pelas comunidades escolares.
O presidente do Sindismuc, Luciano Constantino, aponta que a decisão de fechar as escolas foi tomada sem diálogo com as comunidades. Ele destaca que os professores terão que passar por um processo de remoção, portanto, “terão suas vidas prejudicadas sem terem sido consultados”. Um dos prejuízos, relata, é a possibilidade de os docentes não conseguirem preencher a carga horária em um único turno, sendo que muitos trabalham em outras redes de ensino.
Ele também destaca que há possibilidade de os professores terem que se deslocar para escolas mais distantes da unidade de ensino na qual atuam no outro turno. “Se o profissional dá aula em Jardim América e no outro turno trabalha no Centro de Vitória, é um deslocamento de uns 20 minutos. Se for removido para Campo Grande, aí serão mais de 20 minutos”, exemplifica.
Luciano afirma que todos foram “pegos de surpresa”, pois não houve diálogo com as comunidades escolares. Para ele, a falta de diálogo é uma marca da gestão do prefeito Euclério Sampaio (MDB). “O que a população vê hoje de forma mais explícita, é o que o sindicato vem denunciando há tempos, que é impedir a população de participar dos processos de decisão do município”, ressalta. O dirigente sindical recorda que a gestão municipal interferiu na nomeação de diretores no ano passado.
Uma das interferências foi na EMEF Nilton Gomes, um dos alvos da polêmica atual e que, conforme afirma a prefeitura, vai passar por uma reforma, por isso, os alunos terão que ser transferidos para outras unidades e os professores passarão pelo concurso de remoção. Em 2022, a comunidade questionou o fato de o diretor Ronie Moura não ter sido nomeado, apesar de escolhido por ela para prosseguir no cargo. Após uma manifestação, o profissional recebeu a nomeação.
Uma comissão de representantes da Nilton Gomes se reuniu com a secretária de Educação, Luzian Belisario dos Santos, e o vereador Marcelo Zonta (Cidadania), nessa segunda-feira (13), mas saiu de lá desesperançada. A reivindicação do grupo era de garantia de um prédio para funcionamento provisório da unidade enquanto ocorrer a reforma, em vez de realocar os estudantes em outros colégios. Para isso, a comissão apresentou a proposta de três espaços. A secretária afirmou que iria visitá-los, mas não marcou uma data para retornar ao grupo sobre a decisão a ser tomada. Além disso, informou que os responsáveis deveriam matricular as crianças nas escolas a serem designadas pela prefeitura.
A gestão de Euclério Sampaio afirma que, no caso da EMEF Jones dos Santos, também será feita uma reforma, e não um fechamento definitivo, confirma aponta Carla Santos Ferreira, mãe de uma aluna de 8 anos que é cadeirante. Contudo, ela acredita que se de fato fosse somente uma reforma, a prefeitura buscaria dialogar com a comunidade, por se tratar de uma iniciativa que seria positiva para a gestão. Carla informa que os alunos do Jones dos Santos Neves terão que se matricular na EMEF Amenophis de Assis, em Vale Esperança.
Uma de suas preocupações é a locomoção de sua filha para ir e voltar da escola e a acessibilidade no ambiente escolar. Carla relata que pega ônibus para levar a filha ao colégio e trazê-la de volta para casa, e que os motoristas do Sistema Transcol que fazem essas linhas já as conhecem. A opção pelo ônibus é porque nenhum motorista de van escolar aceitou levar a criança, pois tem que montar e desmontar a cadeira de rodas, o que demanda tempo. Além disso, a Jones dos Santos Neves tem acessibilidade, possibilitando que a menina utilize rampa para adentrar a sala de aula, enquanto na Amenophis há escada e um ressalto na entrada da sala.
A presidente da Federação das Associações de Moradores de Cariacica (Famoc), Elsa Fagundes, recorda que uma das lutas dos movimentos populares de Cariacica sempre foi pela abertura de escolas. “Fechar escola é algo grave, gravíssimo. Como podem fechar escola se nós lutamos tanto por educação, e educação de qualidade? Quero fazer um apelo ao prefeito, não feche as escolas, elas foram conquistadas com muita luta, com muita garra. É preciso ouvir mais as comunidades, os movimentos organizados, se quiser ser feliz na gestão, porque o dever do prefeito é ouvir as comunidades, os professores, os conselhos municipais”, cobra Elsa.