Ricardo Ferraço comanda a comissão e tem, agora, 60 dias para formar a Executiva Estadual
Completa neste sábado (18), 30 dias de vigência da nova comissão provisória do MDB, com o vice-governador, Ricardo Ferraço, no comando, e tudo continua “como dantes no quartel de Abrantes”. O ditado popular português é usado por emedebistas, guardado o anonimato, para afirmar que nada ainda foi feito para reerguer o partido, uma referência ao desgaste gerado pelo conflito entre a ex-presidente da comissão provisória, Rose de Freitas, e o ex-deputado federal Lelo Coimbra.
Quatro outros membros da comissão provisória liderada pelo vice-governador – prefeitos Euclério Sampaio, de Cariacica; Jeesala Coutinho, filha do prefeito de Aracruz, Dr. Coutinho (PP); Guerino Balestrassi, Colatina; e Edmilson Meireles, de Irupi; estão voltados para as reeleições em seus municípios e deixam de lado as questões partidárias. A comissão tem, a partir deste sábado, 60 dias para formar a Executiva estadual.
“As supostas irregularidades cometidas na gestão de Rose de Freitas não foram sequer analisadas”, comenta um emedebista, confirmando bastidores do mercado político, que projeta: a situação do MDB irá refletir nas eleições municipais de 2024, por conta do marasmo no cenário atual. Enquanto os demais partidos estão fechando as alianças, o MDB segue estagnado.
Essa condição vai dificultar o lançamento de candidaturas a prefeito e vereador, com impacto negativo também nas eleições gerais de 2026 e, consequentemente, no projeto de reeleição do governador do Estado, cargo que, neste período, deverá ser exercido por Ricardo Ferraço.
As ações judiciais para apurar supostos desmandos de Rose de Freitas no MDB seguem o rito regular. Na mais abrangente delas, que contempla todos os erros cometidos, desde a nomeação de comissões provisórias e convenções municipais, já está aberto o prazo de contestação, mas a vida partidária permanece na inércia, criticam os relatos.
Uma das denúncias cobradas por membros do MDB se relaciona a filiações de membros de outros partidos, principalmente prefeitos e seus parentes, ferindo o estatuto partidário e afastando emedebistas históricos eleitos regularmente para a direção da legenda. São vários os casos no interior do Estado.
Um fato relevante, com a proximidade da abertura da janela partidária, em abril de 2024, quando é permitido trocar de partido sem perda de mandato, é a debandada de quadros importantes no interior do Estado, repetindo o que ocorreu na Grande Vitória durante a crise entre os grupos de Rose e Lelo a partir de 2018. Foi justamente em meio a uma crise partidária, na época no PSDB, que Ricardo Ferraço perdeu a reeleição para o Senado nesse mesmo ano.
Com Rose de Freitas, em 2022, ocorreu o mesmo: não se reelegeu para o senado, mesmo juntando-se ao governador Renato Casagrande (PSB), de quem recebeu apoio. Essa aliança permanece e foi o ingrediente para levar Ricardo ao comando do partido, dentro da estratégia de recolocá-lo na política, depois de uma derrota e atuação apenas no setor do empresariado.