Mineradora tentou sair do processo que busca reparação a 700 mil atingidos no Estado e em MG
Mais um recurso da Vale foi negado pela Corte de Apelações da Inglaterra nesta sexta-feira (24), na ação que cobra reparação a 700 mil atingidos do crime da Samarco/Vale-BHP. A mineradora foi incluída no processo em agosto deste ano a pedido da BHP Billiton, que requereu a divisão do pagamento das indenizações em caso de condenação. As duas empresas são sócias no empreendimento Samarco Mineração, responsável pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015.
No processo, a Vale havia contestado a jurisdição do tribunal inglês, dizendo que poderia enfrentar o risco de julgamentos inconsistentes devido a processos em andamento no Brasil. A mineradora também alegou que não estaria pronta a tempo da data do julgamento na Inglaterra, marcado para outubro de 2024.
Trata-se de um processo de R$ 230 milhões movido em favor de atingidos no Espírito Santo e Minas Gerais, incluindo comunidades indígenas e quilombolas, empresas, municípios, instituições religiosas e autarquias de serviços públicos.
A ação na Inglaterra já é considerada o maior processo coletivo do mundo e a compensação a ser paga pela BHP será a maior do mundo relativa a um desastre ambiental, superando os US$ 15 bilhões pagos pela Volkswagen no escândalo do Dieselgate nos Estados Unidos em 2016 e os US$ 20,8 bilhões pagos pela BP no derramamento de óleo da Deepwater Horizon em 2015.
O valor é muito superior aos £ 2,8 bilhões/US$ 3,4 bilhões que a BHP aprovisionou para cobrir sua responsabilidade pelo desastre, levando a questionamentos sobre potencial negligência da mineradora frente aos seus investidores. “Mais de sete anos depois, as vítimas sofrem diariamente com a devastação causada pelo rompimento da barragem de Fundão. A BHP não apenas falhou em fornecer uma compensação completa e justa aos nossos clientes, mas também expôs seus investidores a níveis extraordinários de risco em relação à conta de compensação sem precedentes que a BHP enfrenta na Inglaterra; sem falar em seus passivos no Brasil”, afirma Tom Goodhead.