Ao se filiar ao PSD, deputado disse que “a cidade não pode olhar para trás” e que enfrentará um “novo desafio”
Terceiro colocado na disputa para prefeito de Vitória nas eleições de 2020, o deputado estadual Fabrício Gandini, desde essa segunda-feira (4) no comando do PSD de Vitória, embala sua pré-candidatura à Prefeitura de Vitória, mais uma vez, em 2024. Insiste em uma terceira via, como na votação em que não conseguiu chegar ao segundo turno, ultrapassado pelo ex-prefeito João Coser (PT) por uma diferença mínima de votos. Como em 2020, o político afirma que traz “algo novo”.
Pesou contra Gandini, à época, comentam os meios políticos, a parceria com o então prefeito Luciano Rezende (Cidadania) e o reforço da onda bolsonarista que inundou o país. Apesar desse contexto negativo, sua candidatura se firmou e ampliou a visibilidade eleitoral, capacitando-o para nova tentativa na próxima disputa.
No cenário atual, já aparecem novos atores e o bolsonarismo está em baixa, fato mais relevante, ainda, se levado em conta o crescimento dos partidos progressistas em Vitória, notadamente o PT e Psol, embalados pelas pautas positivas do governo federal, juntamente com as revelações de crimes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que corre o risco de ser preso antes das eleições.
Um caminho favorável para o campo progressista, segundo lideranças políticas, com a tendência de um polarização entre o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicano), com o poder da máquina pública, e o ex-prefeito João Coser, a aposta do PT – o que repetiria o cenário de 2020 – ou a deputada estadual Camila Valadão (Psol).
Ao anunciar sua filiação ao PSD, nessa segunda, Gandini disse que “a cidade não pode olhar para trás”, uma referência a João Coser, e explicou ter deixado o Cidadania após comandar a legenda no Estado, “para enfrentar o desafio de buscar uma alternativa ao que está posto pela atual gestão do prefeito Lorenzo Pazolini”.
Lembrou que o Estado ainda vive um ambiente polarizado e que é preciso dialogar para resgatar algumas “pontes” quebradas na última eleição, e se apresentou como “algo novo”, destacando que Coser já teve a sua oportunidade.
Ao proclamar-se como novo, o deputado entra em choque com seus três mandatos de vereador em Vitória, de secretário de Gestão, Planejamento e Comunicação em Vitória, e de dois mandatos consecutivos na Assembleia Legislativa. Na realidade, ele é um político experimentado, articulador de alianças, que, no entanto, ainda não definiu o seu foco, como afirmam lideranças políticas.
A própria filiação ao PSD, a convite do presidente regional, o ex-deputado estadual Renzo Vasconcelos, que o levou ao presidente nacional do partido, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, conhecido negociador da área política, não pode ser considerado novo.
Gandini acerta ao afirmar que “hoje temos uma gestão isolada, sem perspectiva de para onde vai e o que quer” e ao reforçar que é preciso “construir um projeto que explore as vocações da cidade de Vitória. São quatro anos sem um caminho definido. A cidade precisa avançar”. No entanto, ao juntar o discurso, antigo e repetitivo, se observa distanciamento dos anseios populares.