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​Sentimento de insegurança na escola aumentou, avalia Fórum Antifascista

Impactos do ataque em Aracruz devem colocar Vitória nas primeiras posições do próximo Atlas da Violência

O Atlas da Violência 2023, organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), aponta que no quesito número de estudantes que não foram à escola nos últimos 30 dias em Vitória, nos anos de 2009, 2012, 2015 e 2019, a Capital está entre os últimos colocados, exceto em 2012, que aparece em 14º lugar. Contudo, o Fórum Antifascista do Espírito Santo acredita que nas próximas edições da pesquisa, essa realidade pode mudar, já que o levantamento divulgado nessa terça-feira (6) traz dados de antes da pandemia da Covid-19 e de casos de violência na escola, tendo como auge o massacre de Aracruz, norte do Estado, em novembro de 2022.

No ano de 2009, Vitória aparece com a taxa de 3,9, empatada com Natal. Está em uma das últimas colocações, acima somente de João Pessoa (3,6), Florianópolis (3,4) e Porto Velho (3,2). Em 2012, empata com Belém (7), estando acima de Campo Grande (6,9), Curitiba e Fortaleza (6,7), João Pessoa (6,5), Belo Horizonte (6,2), Rio Branco (6,1), Porto Alegre (5,8), Maceió e Brasília (5,7), Porto Velho e Florianópolis (5,6), Aracaju (4,8) e Teresina (4,7). Os dados de 2015 trazem Vitória em penúltimo lugar, com 5,1, acima de Florianópolis (4,8). Em 2019, aparece com 8, acima de Porto Alegre (5,7), Curitiba (7,8) e Aracaju (7,4).

A professora e integrante do Fórum Antifascista, Leilany Santos Moreira, recorda que o relatório “Ataques às Escolas no Brasil: Análise do Fenômeno e Recomendações para a Ação Governamental”, do Grupo de Trabalho de Especialistas em Violência nas Escolas, formado pelo Ministério da Educação, aponta que o Espírito Santo registrou dois ataques de violência extrema nas escolas, que deixaram um total de 17 vítimas. O Estado, de acordo com esse estudo, divulgado em novembro último, ficou atrás somente do Rio de Janeiro, com três ataques, que resultaram em 27 vítimas, e de São Paulo, com sete ataques, vitimando 31 pessoas.
O levantamento, acredita, trata de um indício de que, na próxima edição do Atlas, Vitória esteja em colocações maiores no quesito estudantes que não foram à escola nos últimos 30 dias por sentir insegurança. Antes do crime de Aracruz, quando um adolescente adentrou armado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti e depois fez o mesmo no Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), um colégio privado, matando, ao todo, quatro pessoas e ferindo 12, Henrique Lira Trad, de 18 anos, pulou o muro da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Éber Louzada, em Jardim da Penha, e ameaçou professores e estudantes com uma balestra, deixando uma criança ferida.
Leilany recorda que, além dos ataques violentos, também aconteceram algumas tentativas, que foram impedidas. Uma delas foi este ano, em uma escola pública em Guarapari. Um aluno tinha um plano de atacar a escola onde estudava, mas foi impedido pela Polícia Federal (PF). Com o rapaz, foram encontrados material neonazista e armas. Outro plano frustrado, lembra Leilany, foi em Aracruz, também este ano. Em uma escola particular, um estudante portava desenhos com plano para atacar o colégio. Embora o a pandemia da Covid-19 já tenha passado,  a professora acredita que, ainda hoje, gera insegurança na comunidade escolar. “O vírus era um inimigo invisível e a gente não conseguiu ainda se livrar desse medo, é como se fosse um trauma”, avalia.

Bullying
O Atlas também traz dados sobre a proporção de estudantes do nono ano do ensino fundamental que sofreram bullying nos últimos 30 dias. Em 2009, Vitória está em quarto lugar, com 33,2, perdendo somente para Brasília (35,5), Belo Horizonte (35,4) e Curitiba (35,1). No ano de 2012, aparece cm 38,2, abaixo somente de São Paulo (38,4). No ano de 2015, desce de posição, indo para a 10ª, com a taxa de 43,5, abaixo de São Paulo (47,6), Distrito Federal (46,8), Fortaleza (46,7), Curitiba (46,2), Rio Branco (45), Belo Horizonte (44,9), Maceió (44,3), Boa Vista (44,2) e Palmas (43,8). Em 2019, com a taxa 38,5, aparece em 19º, perdendo somente para Belo Horizonte (38,4), Palmas (37,9), Aracaju (37), Porto Alegre (36,2), Cuiabá (35,7), Florianópolis (35,7) e Manaus (35,3).
Conforme consta no Atlas, “bullying é expressão de preconceito, intolerância e discriminação por modos específicos de ser (etnia, raça, gênero, classe, estilos de comportamento, maneiras e formas do corpo, posição política e ideológica, etc), retrata-se na forma de agressão moral, psicológica e física e aparece em formas verbais (xingamentos, insultos, chacotas, difamação, etc) ou físicas (agressões, ameaças ou intimidação)”.
 Leilany questiona o conceito apresentado, pois, ao seu ver, minimiza a gravidade de ações como as de racismo e homofobia. Ela explica que bullying é algo cometido entre os iguais, como um estudante branco que tem implicância contra outro branco, nas mesmas condições sociais. No caso de um branco contra um negro seria racismo, atitude que é um problema estrutural, ao contrário do bullying.

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