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Médicos de hospital de Itapemirim seguem com salários atrasados

Profissionais temem pelo fim do contrato da prefeitura com instituto que administra a unidade

Médicos que atendem no Hospital Materno Infantil Menino Jesus, em Itapemirim, cidade do litoral sul do Espírito Santo, continuam com remuneração atrasada, assim como o pagamento do décimo terceiro salário. O temor dos profissionais é de que, caso se concretize a saída do Instituto Vida Salus da administração da unidade, o recebimento dos valores devidos fique pendente.

Segundo fontes ouvidas por Século Diário, os médicos receberam o salário de outubro no início deste mês de dezembro, e a expectativa por parte da administração do hospital é de que a remuneração referente a novembro seja paga até a próxima sexta-feira (22). “Os médicos também têm seus compromissos financeiros e precisam receber em dia”, reclama uma pessoa ligada aos profissionais de saúde, que prefere não se identificar por temor de represálias.

Já os demais funcionários receberam o salário de novembro e a primeira parcela do décimo terceiro salário de 2023 no fim da semana passada – a segunda parcela deverá ser depositada até a segunda-feira que vem (25). Também há a expectativa de que a equipe de enfermagem receba a complementação do piso salarial, feita pelo Governo Federal, até esta terça-feira (19).

O diretor do Hospital Menino Jesus, Jefferson Guisso Neves, afirmou, em sessão da Câmara de Vereadores do último dia 6 de dezembro, que estava em contato com a secretária municipal de Saúde, Rafaela Abdon. A gestão do prefeito Doutor Antônio (PP), segundo ele, estava fazendo o repasse regularmente até o dia 5 de cada mês, e a situação junto aos médicos seria regularizada em dezembro.

Entretanto, um ofício encaminhado à Câmara por Jefferson, no último dia 24 de novembro, vai na direção contrária. Aponta, por meio de uma tabela, que os atrasos nos repasses seriam uma constante desde o início da contratação, em fevereiro deste ano – a média de atraso seria de 40 dias. O contrato prevê 12 parcelas mensais de cerca de R$ 2 milhões, num total de pouco mais de R$ 25 milhões.

Pessoas próximas de Jefferson comentam que sua intenção, durante a fala na Câmara, era tratar apenas da regularidade do pagamento dos funcionários do hospital, mas excluindo os médicos. Comenta-se também nos bastidores que, devido à situação delicada da administração do hospital, cujo contrato com o Instituto Vida Salus poderá não ser renovado, o diretor tem procurado manter o diálogo com a Prefeitura de Itapemirim para resolver a situação.

Embates

Em 13 de novembro último, o Instituto Vida Salus foi notificado pela secretária municipal de Saúde, Rafaela Abdon, de um processo de investigação de supostas irregularidades no fornecimento do serviço, que poderia resultar na rescisão do contrato.

Presente na sessão da Câmara no dia 22 de novembro, a secretária informou que as irregularidades incluíam número de atendimentos de exames e da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) abaixo da meta do plano de trabalho; atraso nas compras de medicações; relatórios de prestação de contas atrasados; e problemas em questões sanitárias no setor de hemodiálise, apontados pela Vigilância Sanitária estadual.

Em sua resposta na Câmara, Jefferson Guisso mostrou dados que apontam para o cumprimento de todas as metas do plano de trabalho. Ele também afirmou que o ofício da Secretaria de Saúde foi respondido, assim como os questionamentos da Vigilância Sanitária, mas minimizou a ameaça de rescisão do contrato.

“Causa medo essa palavra, ‘rescisão unilateral’, mas foi uma notificação a qual já foi respondida. E volto a repetir aos senhores também, que fiscalizem, que o executivo fiscalize, porque é importante mais transparência para um atendimento de qualidade”, argumentou.

O diretor do hospital também admitiu o atraso em algumas prestações de contas, mas disse que a situação era justificável, diante do que considerou como um “cenário caótico” deixado pela administração passada, que estava sob a responsabilidade da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim.

O contrato com o Instituto Vida Salus se encerra no próximo dia 31 de dezembro e, segundo apuração de Século Diário, os funcionários já estão cumprindo aviso prévio. Dentro da Câmara de Itapemirim, o interesse da maioria dos vereadores é pela renovação da contratação da entidade. Apesar disso, a tendência atual é de que a Prefeitura de Itapemirim realize um chamamento público, o que poderia deixar o hospital sem uma entidade para administrá-la por cerca de três meses. 

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