A comunidade da Escola Municipal Comunitária Rural de Ensino Fundamental Gaviãozinho, em Nova Venécia, noroeste do Estado, afirma estar ansiosa pela conversa entre o governador Renato Casagrande (PSB) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES), Rodrigo Coelho, sobre a possibilidade de a unidade de ensino não ser fechada. O gestor, em agenda realizada no município em 28 de dezembro, afirmou que naquele mesmo dia iria conversar com o conselheiro para que a escola permanecesse funcionando no ano letivo de 2024.
Conforme vídeo que circula nas redes sociais, o governador se comprometeu a fazer o diálogo após o prefeito André Fagundes (PDT), acompanhado de pessoas da comunidade, declarar que “se apertar” é possível à gestão municipal manter a escola financeiramente. Em 29 de dezembro, Século Diário contatou a assessoria do governador para saber se a conversa já tinha sido feita. A resposta foi que ainda não. Questionada se havia uma previsão para que acontecesse, a assessoria não respondeu. Nessa sexta-feira (5) o gabinete do governador foi novamente questionado sobre o compromisso feito por ele, mas não obteve resposta.
“A comunidade espera ansiosa e preocupada pela resposta da secretaria de educação de Nova Venécia, após o senhor governador Renato Casagrande dar sinal positivo aos pais juntamente com o prefeito André Fagundes, que também concordou em manter a escola aberta”, diz um dos pais de alunos, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
O encontro com o governador foi intermediado pelo próprio prefeito, que em 26 de dezembro se comprometeu com a comunidade a marcar a conversa. Nessa mesma reunião, segundo membros da comunidade que também preferiram não se identificar, André apresentou três alternativas. Uma foi entregar a escola para o governo do Estado; outra reconhecer como escola de assentamento, já que fica no assentamento Gaviãozinho, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); e a terceira foi não implementar o que manda o Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) do Tribunal de Contas, assinado pela gestão municipal.
O fim das atividades da unidade de ensino obrigaria os estudantes a estudarem na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) José Zamprogno, em Patrimônio do 15, a cerca de 10 km da Gaviãozinho. O agricultor Rogério Pilon Lopes afirma que a distância é um dos motivos pelos quais a comunidade é contrária ao fechamento. Ele afirma que a Gaviãozinho, inclusive, atende famílias de comunidades mais distantes, também a cerca de 10 km da escola. No caso dos moradores dessas regiões, a situação, portanto, ficará ainda pior, já que os alunos e seus responsáveis terão que percorrer uma distância maior que a atual.
A Gaviãozinho não pratica a Pedagogia da Alternância, modelo de ensino no qual os estudantes alternam uma semana na escola, em tempo integral e sistema de internato, chamado de Tempo Escola, com uma semana em casa, denominada Tempo Comunidade. Contudo, mesmo assim, tem uma educação voltada para o campo, ao contrário da EEEFM José Zamprogno, o que a comunidade acredita ser um diferencial da escola que será fechada. Algumas das aulas oferecidas são manejo de horta, café e pecuária.
Na Grande Vitória, em Cariacica, serão fechadas as EMEFs Wellington Ferreira Borges, em Antônio Ferreira Borges; Olivino Rocha, em São João Batista; Jones dos Santos Neves, em Boa Sorte; Adalberto Queiroz, em Moxuara; e General Tibúrcio, em Porto de Santana. Quatro unidades de ensino serão municipalizadas: as Escolas Estaduais de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Professor Augusto Luciano, em Cariacica Sede; Teotônio Brandão Vilela, em Nova Rosa da Penha II; Rosa Maria dos Reis, em Porto Belo; e Nossa Senhora Aparecida, em Oriente.
Em Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado, a EEEFM Newtro Ferreira de Almeida, localizada no bairro Monte Belo, deixará de ofertar o ensino médio. Além disso, serão municipalizadas as escolas estaduais Maria Angélica Santana Marangoni, no bairro Zumbi, e Professor Domingos Ubaldo, no distrito de Conduru.