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Associação Comunitária cobra ações de prevenção à dengue em Anchieta

Terrenos com mato e lixo, incluindo os que são atravessados pelo mineroduto da Samarco, compõem as denúncias

Lixo acumulado em terreno baldio. Foto: ACBB

Um olhar localizado ajuda a entender falhas rudimentares cometidas cotidianamente pela população, o poder público e até mesmo grandes indústrias que perseguem o discurso da sustentabilidade corporativa, e que têm contribuído levado o Espírito Santo a ser um dos estados com maior incidência de dengue no Brasil, num período em que o país atinge recordes nacionais de casos e mortes pela doença.

Em Anchieta, sul do Estado, a Associação Comunitária do Bairro Benevente (ACBB) denuncia a proliferação de terrenos tomados de mato e lixo, inclusive os que são atravessados pelo mineroduto da Samarco.

Presidente da entidade, João Simas conta que a gestão do prefeito Fabrício Petri (PSB) tem sido demandada desde meados de 2023, para que tome providências, principalmente notificando os proprietários de terrenos baldios, mas não respondeu.

“Existem diversos lotes privados sem limpeza. A prefeitura não tem fiscalizado mesmo após nossa solicitação”, afirma, elencando diversos protocolos de queixas feitas à Ouvidoria do Município. “Muitos desses locais estavam com IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano] atrasado”, acrescenta.

Quanto à Samarco, o presidente comunitário relata que a justificativa para a inação é a ausência de responsabilidade com a situação. “Os terrenos de servidão do mineroduto da Samarco vivem totalmente sem cuidados, mas ela que diz que as áreas são privadas e que é de responsabilidade dos proprietários”.

A posição, avalia, contradiz algumas das condicionantes da Licença de Operação nº 1564/2020, emitida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), relativas aos programas de Educação Ambiental e Comunicação Social.

Em ofício enviado à ACBB, os gerentes de Relacionamento Socioinstitucional e de Meio Ambiente, Rodolpho Samorini Filho e João Batista Soares Filho, respectivamente, destacam uma descrição sucinta dos dois programas. O programa de Educação Ambiental, por exemplo, tem objetivo de “articular ações conjuntas entre empresa, comunidade e poder público, com a finalidade de promover a sensibilização ambiental dos moradores das comunidades inseridas na faixa de servidão do mineroduto da Samarco, por meio de reuniões periódicas, blitz ambientais, oficinas, encontros e eventos, visando ao fortalecimento da organização social, à elaboração e implementação de um projeto socioambiental e à participação qualificada dos moradores nos fóruns decisórios para a gestão ambiental do território”.

João Simas relembra o drama vivido pela população de Anchieta em 2023, quando foi preciso criar uma área improvisada para hidratação de pessoas acometidas pela dengue. “O pronto atendimento não suportou a alta demanda”, conta.
Neste verão, o pedido é renovado. “Que haja mais fiscalização nos lotes privados sem limpeza pública, retirando lixo e também o mato das faixas de calçada, levando em conta que tais áreas não são cimentadas e que o município adquira o inseticida para uso na bomba costal motorizada em quintais baldios e locais próximos a residências em períodos de focos de dengue”.

Demandada por email pela reportagem, a Prefeitura não respondeu até o fechamento desta edição. Quanto à Samarco, a entidade aguarda ser cumprida a promessa feita pelos dois gerentes, de “mapear oportunidades de ações a serem implementadas junto à Associação Comunitária do Bairro Benevente”.

Incidência elevada

Conforme divulgado nesta quinta-feira (5) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), foram notificados 191,1 mil casos de dengue no Espírito Santo, no último ano, considerando dados das Semana Epidemiológica (SE) número 1 (01/01/2023 a 07/01/2023) até a SE nº 52 (24/12/2023 a 30/12/2023). No período, foram confirmados 98 óbitos e a incidência acumulada é de 4.702,97 casos por 100 mil habitantes.

Essa é uma das maiores incidências do país, segundo classificação definida pelo Ministério da Saúde, que considera três níveis: baixa (menos de 100 casos/100 mil habitantes), média (de 100 a 300 casos/100 mil habitantes) e alta (mais de 300 casos/100 mil habitantes).

Lixo jogado em calçadas favorecem proliferação do mosquito Aeges aegypti. Foto: ACBB

Anchieta é um dos municípios com baixa incidência de dengue, segundo classificação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), com incidência acumulada de 36,94 nas últimas quatro semanas.

Seis municípios estão com incidência alta, segundo essa classificação: Laranja da Terra (1.929,93); Apiacá (1.045,80); Afonso Claudio (857,01); Ponto Belo (629,72); Ecoporanga (503,61); e Linhares (352,65).

Cinco municípios registraram, nas últimas quatro semanas, incidência zero: Alto Rio Novo e Rio Novo do Sul, na região sul; e Irupi e Divino de São Lourenço, no Caparaó.

Prevenção

A população tem papel fundamental na prevenção. A Sesa orienta os seguintes cuidados:

– Limpar o quintal, jogando fora o que não é utilizado;

– Tirar água dos pratos de plantas;

– Colocar garrafas vazias de cabeça para baixo;

– Tampar tonéis, depósitos de água, caixas d’água e qualquer tipo de recipiente que possa reservar água;

– Manter os quintais bem varridos, eliminando recipientes que possam acumular água, como tampinha de garrafa, folhas e sacolas plásticas;

– Escovar bem as bordas dos recipientes (vasilha de água e comida de animais, pratos de plantas, tonéis e caixas d’água) e mantê-los sempre limpos.

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