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Feira de Bom Jesus do Norte incentiva sustentabilidade com moeda própria

Expositores comercializam artesanato e produtos de agroindústria. Evento se tornará semanal

Arquivo/Expositores

Desde outubro de 2022, a Feira do Bem Viver tem ocorrido mensalmente na praça principal de Bom Jesus do Norte, no sul do Espírito Santo. O evento reúne de 20 a 25 expositores que comercializam artesanato e produtos agroindustriais, incentivando a sustentabilidade e a economia local. Existe, inclusive, uma moeda própria, a “Itabapoana”, que circula apenas dentro da feira. Para 2024, a proposta é ampliar a periodicidade para semanal, ocorrendo toda quinta-feira, das 18h às 22h, a partir do próximo dia 29 de fevereiro.

A feira é um projeto da frente de agroecologia e economia solidária da Organização Não Governamental (ONG) Restauração e Ecodesenvolvimento da Bacia Hidrográfica do Itabapoana (Redi). O objetivo é consolidar um espaço de escoamento da produção orgânica, agroecológica e da agricultura familiar, bem como incentivar a sustentabilidade e a preservação ambiental.

Além da praça de Bom Jesus do Norte, a feira também ocorre mensalmente no campus do Instituto Federal Fluminense (IFF) e na Faculdade Metropolitana São Carlos (Famesc), ambos em Bom Jesus do Itabapoana, no norte fluminense.

Um dos diferenciais da Feira do Bem Viver é justamente a utilização da moeda própria, a “Itabapoana”. Os consumidores levam materiais recicláveis, ou que seriam descartados na natureza (papelão, alumínio, garrafas PET e óleo de cozinha usado), e trocam pela moeda, para utilizá-la no evento.

Ao final, a “Itabapoana” é convertida em Real para os expositores pela Redi, e o material reciclável é encaminhado para a associação de catadores local. Até o ano passado, somente a “Itabapoana” circulava na feira, mas, a partir deste ano, a pedido dos expositores, também será possível comprar os produtos utilizando diretamente a moeda corrente no Brasil.

Moeda “Itabapoana”, usada na Feira do Bem Viver. Crédito: Arquivo/Expositores

Entre os produtos comercializados estão: artesanato com crochê, ponto cruz e macramê; cerveja, linguiça e panificação artesanais; culinária regional; além de produtos usados, como livros e materiais de brechó. Os expositores são de Bom Jesus do Norte e também de Bom Jesus do Itabapoana, bem como de outras localidades da região.

A Feira do Bem Viver também apresenta uma visão de impacto ambiental mínimo. Toda pegada de carbono – ou seja, total de emissões de gases do efeito estufa – é contabilizada, seja dos expositores, seja dos consumidores, através de formulário próprio, antes e durante o evento.

Essas pegadas são revertidas em ações de reflorestamento da Redi durante a estação de chuvas na região, entre os meses de outubro e março. Além disso, toda geração de resíduos é repensada, minimizada e/ou reciclada, doando-se o material para a associação de catadores.

A artesã Thayná Martins, que comercializa seus produtos na Casa do Artesão de Bom Jesus do Itabapoana, compareceu à primeira edição da Feira do Bem Viver apenas para observar a proposta “diferente” do evento. Na edição seguinte, já começou a atuar como expositora, e desde fevereiro de 2023, é a coordenadora da feira.

“A feira, para mim, foi um divisor de águas. Me deu uma visão diferente, de que a gente pode trabalhar sem que o meio ambiente sofra com o nosso trabalho. Então, a feira abriu minha visão de mundo sobre essa questão, de que é preciso pensar nas gerações futuras”, afirma Thayná.

Segundo ela, sempre são feitas reuniões junto aos expositores para que eles opinem sobre o que deu certo ou não. “Mudar a periodicidade para semanal foi um pedido deles, para que a feira ganhe uma importância maior no município. A questão de passar a se utilizar também a moeda corrente foi outro pedido, porque algumas pessoas desistiam de ir até a feira por não terem recicláveis para trocar”, explica.

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