Dono da parada toda é?
Quando vejo atitudes de pessoas, na administração pública, contrárias aos interesses da população fico extremamente curioso para entender o que elas pensam como justificativa, de onde tiram essa ideia e em que mundo vivem. Em se tratando de cargos eletivos, em que existem promessas de campanha fundamentadas em compromissos éticos e morais, a única justificativa seria o mau caráter, o que nunca seria revelado por essas próprias pessoas.
Existe uma forma de viver que é construída, lentamente, com valores, ações, acontecimentos, construções, hábitos, costumes, brincadeiras, etc. que as pessoas vão introjetando, tanto em si mesmas quanto nas inter-relações. Eu diria que tudo isso vai construindo o que podemos chamar cultura, ou o que faz com que se identifique o conjunto “povo” na razão direta da identificação própria das pessoas.
A pessoa que assume a administração pública, seja como servidora ou servidor concursado, contratado ou em mandato eletivo tem como função administrar o funcionamento da sociedade, sempre contribuindo naturalmente para a felicidade daquele povo em sua vida, dentro do território que foi formado Estado, diga-se: pela própria necessidade de organização dessas pessoas (povo).
Nós brasileiros optamos, dentre os regimes políticos de condução de governo, pela democracia. Esta, mesmo em sua forma não degenerada, apresenta problemas para o objetivo da administração pública porque, sendo a sociedade uma colcha de retalhos, os setores da sociedade melhores articulados dão a direção ao todo de acordo com seus interesses, e aumentam as desigualdades com seus privilégios. Além, é claro, de lega-los a seus descendentes. Mas, quando a democracia degenera, aí o velho Platão já nos disse: degenerada, a democracia é o pior dos regimes, uma sociedade governada por quem tem discurso convincente e atrativo como o dos populistas que convivemos.
A situação ainda piora numa sociedade que já foi criada com base na desigualdade, seja por meio da invasão travestida de colonização, da utilização de pessoas escravizadas ou dos privilégios estabelecidos, porque a produção do tirano é só uma consequência, dessas que estamos vendo a todo momento com políticos negociando posições em todas as esferas do balcão de negócios chamado “governabilidade”.
Bem, para colocar o dedo em nossa ferida de cada dia, quero trazer ao foco desta reflexão aquilo que talvez seja a maior expressão cultural do Brasil, o carnaval. Trazido pelos invasores, incrementado pelo povo preto e miscigenado ao capitalismo, além da alegria e da afirmação identitária, traz possibilidades de renda, inclusive ao povo mais necessitado.
Aí vem aquela pergunta: por que administradores públicos eleitos trabalham para restringir esta festa?
A resposta é tão óbvia quanto antiga, Platão século IV a.C. teoriza na busca da verdade e da justiça em A República e Maquiavel esclarece, na leitura do perfil do político em O Príncipe.
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