A Derrubada dará continuidade à festividade realizada em novembro último, quando aconteceu a Fincada do Mastro
Uma tradição centenária irá animar a comunidade de Regência, em Linhares, norte do Estado, nesta sexta-feira (19) e neste sábado (20). É a Derrubada do Mastro do Congo, cuja programação conta com diversas atrações e dará continuidade à festividade realizada em novembro último, quando aconteceu a Fincada do Mastro de São Benedito e Santa Catarina, que agora será derrubado e guardado até a próxima fincada.
Um dos integrantes da equipe da organização da festa, Carlos Sangalia, informa que, segundo a cultura popular, a devoção a São Benedito na região começou quando, em séculos passados, um barco naufragou e uma mulher que fazia parte da tripulação gritou “Valei-me, São Benedito, que vou trazer uma imagem para este lugar!”. E assim, afirma, todo mundo foi salvo e uma imagem de madeira foi trazida para Regência, cumprindo-se a promessa feita.
A devoção a Santa Catarina, segundo Sangalia, é uma das diferenças entre a festa de Regência em relação a outras festividades do congo capixaba. É por causa dela, que ao contrário das outras festas, cuja fincada do mastro acontece normalmente em dezembro, que em Regência acontece no mês anterior, na semana do dia de Santa Catarina, comemorado em 25 de novembro. Essa devoção, destaca, é antiga na região, mas não se sabe sua origem.
No período de duas semanas antes da fincada, a banda de congo percorre a comunidade para arrecadar donativos para os festejos, como os alimentos para o jantar comunitário que será realizado neste sábado. Contudo, relata Carlos, até a década de 70 essa arrecadação era feita para muito além de Regência. A banda ia a pé até Nova Almeida, na Serra, e Conceição da Barra, no norte do Estado. Carlos explica que isso chegou ao fim com a mudança da realidade socioeconômica da população.
Uma das mudanças foi o envelhecimento das pessoas que levavam à frente essa tradição. “Além disso, antes muitos eram agricultores, pescadores. Depois esse perfil foi mudando, as pessoas passaram a trabalhar como empregadas, passaram a ter patrões, o que impossibilitou que se ausentassem do trabalho durante muito tempo”, explica Carlos.