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Volta às aulas sem alunos na escola de Recanto do Sol, em Anchieta

Pais e responsáveis decidiram não enviar crianças por falta de infraestrutura na unidade

Divulgação

O ano letivo de 2024 começou esta semana, mas a Escola Municipal de Ensino Fundamental Genelice dos Reis Ramos Hermes, localizada no bairro Recanto do Sol, em Anchieta, no litoral sul do Estado, continua sem alunos. Praticamente todos os pais e responsáveis pelos cem alunos matriculados decidiram não enviar as crianças devido à infraestrutura precária da unidade.

Para os poucos estudantes que apareceram nos primeiros dias, foram aplicadas atividades menos aprofundadas, como jogos, produção de texto e revisão leve de conteúdos. Um abaixo-assinado a respeito da situação tem rodado pela comunidade e, até a tarde desta quarta-feira (7), havia recolhido 210 assinaturas. Também existe a possibilidade de se realizar um mutirão comunitário para as intervenções necessárias na escola.

De acordo com Lenimara Pereira, que é professora da unidade, mãe de um aluno e presidente da Associação de Moradores de Recanto do Sol, a escola está sem melhorias há 16 anos, mas a situação tem se agravado desde o ano passado. Entre os problemas elencados por ela estão a biblioteca, que acabou se tornando um depósito; os banheiros dos alunos, que têm apenas três sanitários; ausência de refeitório e espaço de lazer.

Na cozinha, não há armários para guardar os utensílios, deixando-os expostos à poeira. Ainda de acordo com a professora, o botijão de gás da cozinha fica dentro da escola, próximo à parede de uma das salas. “Ano passado, tivemos dois acidentes: vazamento de gás e uma janela que estourou. Graças a Deus, ninguém ficou ferido”, denuncia.

Lenimara conta ainda que a escola possui apenas três salas de aula. Na turma do segundo ano, há 23 alunos, sendo dois da educação especial, mas não tem como dividir a turma e atender a todos de forma adequada. A quadra, único espaço para atividades e lazer, fica molhada toda vez que chove, o que representa risco para os estudantes.

Também não há locais adequados para os funcionários; não há espaço para sala dos professores; a mesa do coordenador fica em uma varanda junto com o refeitório improvisado e o armário da cantina; e como o único banheiro dos servidores fica dentro da secretaria, não pode ser usado nos momentos em que pais e responsáveis são atendidos.

“Quem entrar aqui não vai ver uma escola feia por dentro, porque nós, funcionários, estamos cuidando, a gente faz o que pode para melhorar o ambiente para as crianças. Cada professor usa o material que tem para fazer a decoração das salas e compra o que não tem. O nosso questionamento é em relação à estrutura física, que não garante o direito à dignidade, ao respeito, a um ambiente adequado”, relata Lenimara.

Segundo a professora, em 23 de novembro, foi feita uma cobrança pública ao secretário de Governo de Anchieta, Leonardo Antônio Abrantes, que disse em reunião que havia recursos para melhorias a serem executadas em janeiro, o que não se concretizou.

Tanto ele quanto a secretária municipal de Educação, Maria Daniela Sartório Marinho, informaram que pretendem ir até a escola na sexta-feira (9), mas a gestão do prefeito Fabrício Petri (PSB) não deu nova previsão de inícios das intervenções. Enquanto isso, a situação da escola tem repercutido no município, e empresários e outros colaboradores fizeram doações de materiais.

Procurada por Século Diário, a Prefeitura de Anchieta não deu retorno até o fechamento desta matéria.

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