Efeitos da operação contra presidente podem reduzir as chances de pré-candidaturas como a do Capitão Assumção
Se já parecia difícil incluir cidades do Espírito Santo no projeto do Partido Liberal (PL) de eleger mil prefeituras do País nas eleições deste ano, ficou ainda mais depois da operação “Hora da Verdade”, da Polícia Federal (PF), que investiga a tentativa de golpe de Estado, deflagrada nessa quinta-feira (9). O impacto das ações da PF, que colocam no comando do golpe o ex-presidente Jair Bolsonaro, pode reduzir ainda mais as chances das pré-candidaturas já colocadas no mercado, como a do deputado estadual Capitão Assumção, como avaliam os círculos políticos.
O quadro agravou-se com o envolvimento do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, preso na operação por porte ilegal de arma e uma pepita de ouro retirada da área Yanomami. Ele é o responsável por gerir o milionário fundo partidário, extremamente necessário para impulsionar a campanha eleitoral e, a partir de agora, está impedido de se comunicar com Bolsonaro e outros políticos, o que representa entraves nas estratégias eleitorais.
No Espírito Santo, a pré-candidatura do deputado estadual Capitão Assumção para a Prefeitura de Vitória é a principal. Reeleito para a Assembleia Legislativa em 2022 com 98,6 mil votos, o segundo índice mais alto, também foi deputado federal de 2009 a 2011, pelo PSB. Assumção encontra barreiras no seu próprio campo de atuação, o meio evangélico, terreno onde o atual prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), visando a reeleição, faz pesadas investidas.
O deputado declara que seu maior adversário nas eleições deste ano não são os pré-candidatos da esquerda, Camila Valadão (Psol) e João Coser (PT), mas Pazolini, que atua no mesmo campo da direita conservadora, atingida em cheio com as ações da Polícia Federal. Um cenário agravado com a divulgação de um vídeo comprovando a tentativa de golpe, produzido antes das eleições de 2022. Na gravação, o então presidente Bolsonaro aparece dando a estratégia a cada ministro, em meio a palavrões e explosões de ira.
Para tentar equilibrar a situação, filiados ao partido usam as redes sociais em defesa do ex-presidente. Com tornozeleira eletrônica e envolvido em processo que apura atos antidemocráticos, Assumção divulgou em seu perfil do Facebook vídeo de Bolsonaro, acompanhado por dois dos filhos, Carlos e Eduardo, no qual ele diz que vem sendo atacado há cinco anos, para reforçar o discurso de “perseguição”.
O senador Magno Malta, presidente estadual do PL, também veio a público com o mesmo discurso. Além disso, ele aponta o ministro Alexandre de Moraes como suspeito para liderar as ações que resultaram na operação da PF. O ex-presidente, inelegível e ameaçado de prisão, juntamente com militares de alta patente e outros assessores diretos, já não é visto nos meios políticos como bom cabo eleitoral.